Pandemia pode abrir “janela de oportunidade” no combate às alterações climáticas
30 de mar. de 2021, 11:30
— Lusa/AO Online
"A pandemia pode abrir uma janela de
oportunidade" na luta contra as mudanças climáticas, mas, para que tal
aconteça, são necessárias medidas urgentes e abrangentes, adotadas à
escala global, disse António Costa Silva durante o debate "Green Deal
[Pacto Ecológico], crise pandémica, e a seguir?", promovido pelo
Goethe-Institut Portugal.O gestor
sublinhou que em 2020, ano marcado pela pandemia à escala global, a
média mundial de emissões poluentes só desceu cerca de 6%. Sobre
as metas definidas para a União Europeia (UE), que passam por alcançar a
neutralidade em emissões de carbono até 2050, Costa Silva elogiou os
objetivos, mas considerou que "para chegar lá são precisas medidas de
outro sentido".Uma ideia partilhada pelo
professor alemão Ottmar Edenhofer, diretor e economista-chefe do
Instituto Potsdam de Investigação do Impacto Climático, que considerou
que a UE atingir as emissões zero em 2050 "é exequível", mas que, para
tal, "precisa preparar as instituições para esse objetivo".Durante
a sessão 'online' moderada por Luísa Meireles, diretora de informação
da Lusa, o perito realçou os "grandes desafios" que a UE enfrenta neste
campo, e a importância de "dar sinais claros" ao resto do mundo sobre a
necessidade de investir na redução das emissões de dióxido de carbono.A
socióloga Luísa Schmidt, do Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa, disse que o Pacto Ecológico Europeu "é uma
revolução" e que é preciso "mudar o paradigma energético", bem como das
práticas do consumo de energia.A
investigadora frisou que "têm que acabar os subsídios aos combustíveis
fósseis" e apontou a importância de aproveitar os avanços tecnológicos
na produção de novas energias, mostrando-se esperançada no papel que as
gerações mais novas vão ter nesse processo."Há
uma geração mais nova que quer mudança e vai pressionar para isso",
lançou, corroborando a ideia dos outros oradores de que esta mudança não
pode ser feita por um país, ou por um bloco regional, mas terá de ser
feita à escala mundial.Apontando para o
objetivo de uma UE neutra em dióxido de carbono até 2050, Luísa Schmidt
defendeu que "é preciso convencer os Estados Unidos (EUA) e a China para
que entrem a bordo com o mesmo objetivo", e vincou que há um impulso,
com a vitória de Joe Biden nas eleições norte-americanas, e face ao
impacto da pandemia em todo o planeta, que pode ser aproveitado.Também
António Costa Silva apontou a vitória de Biden nos EUA como uma "grande
janela de oportunidade", mencionando também que a China - que, sozinha,
consome mais de 50% do carvão do mundo - se comprometeu em atingir a
neutralidade carbónica até 2060."Temos que
mudar o modelo de desenvolvimento económico e social. A UE faz muito
bem em apostar na economia circular", rematou o professor universitário.