Pandemia gera défice de 180 mil milhões e põe finanças locais da Europa em risco
Covid-19
12 de out. de 2021, 11:17
— Lusa/AO Online
O aumento das despesas para
travar a pandemia e a diminuição das receitas decorrente das medidas de
contenção do vírus responsável da covid-19 traduziu-se em perdas na
ordem dos “130 mil milhões de euros ao nível dos órgãos de poder
regional e intermédio e de 50 mil milhões de euros a nível municipal”,
refere o barómetro apresentado hoje em Bruxelas (Bélgica) no âmbito da
19.ª Semana Europeia das Regiões e das Cidades (#EURegionsWeek).A
Alemanha é o país mais atingido, com os órgãos de poder local e
regional a registarem, em termos absolutos, perdas de 111,7 mil milhões
de euros. A Itália, com 22,7 mil milhões
de euros, é o segundo na lista dos países, mais afetados, seguida da
Espanha onde as perdas se cifraram em 12,3 milhões de euros.Na
tabela dos países com maiores perdas o barómetro incluiu ainda a França
(7,20ME), a Bélgica (4,70ME), a Suécia (3,49ME), a Polónia (3,00ME), os
Países Baixos (2,77ME), a Áustria (2,30ME) e a Finlândia (2,00ME).Já
as perdas mais elevadas em percentagem da receita total
registaram-se no Chipre (-25%), na Bulgária (-15,3%) e no Luxemburgo
(-13,5%), pode ler-se no barómetro.A
Estónia, com 0,03 milhares de milhões de euros, encabeça a lista dos
países menos afetados, seguida da Lituânia (0,8), da Letónia (0,10), da
Grécia (0,12), da Hungria (0,15).Na lista
dos países que registaram menores perdas figuram ainda a Eslováquia e
Eslovénia (ambas com 0,20), a Croácia (0,24), o Luxemburgo (0,42), a
Roménia (0,43), Portugal (0,55), a Bulgária (0,64), a Dinamarca (1,91) e
a República Checa (1,91).A crise
pandémica teve um “impacto desastroso no emprego e na dimensão social”,
destacando o barómetro os jovens e as pessoas com menos habilitações
como os mais afetados.O desemprego dos
jovens “é dez pontos percentuais superior ao da população em geral” e,
no último ano, “o emprego temporário e o emprego a tempo parcial
registaram também uma diminuição significativa”. A pandemia realçou ainda mais as desigualdades de género e os riscos profissionais em função do género, sublinha o documento.O
barómetro salienta ainda “as disparidades profundas” na forma como a
pandemia afetou a saúde das várias regiões da Europa, entre as quais o
Vale de Aosta (Itália), que registou o maior número de casos de
covid-19, e Madrid (Espanha), aquela em que se registou o maior número
de mortes por 100.000 habitantes.De um
modo geral, em 2020, “era mais seguro viver nas zonas rurais do que na
cidade”, pode ler-se no documento, que concluiu que, apesar de os
urbanos possuírem melhores condições em termos de cuidados de saúde, “as
regiões rurais registaram um aumento da mortalidade mais baixo e
demonstraram um nível mais elevado de adaptação à mudança”.Entre
os 27 Estados-membros apenas uma minoria dos órgãos do poder local e
regional foi consultada para a elaboração dos planos nacionais de
recuperação e resiliência (PRR), indica o barómetro.A
Alemanha, a Bélgica e a Polónia foram os países que adotaram uma
abordagem inclusiva dos órgãos de poder local e regional, ao contrário
da Itália, Espanha, França e Croácia, onde o barómetro concluiu por uma
“situação menos satisfatória”.O barómetro
conclui ainda que os planos nacionais descuram as regiões, colocando
em causa a recuperação e os objetivos ecológicos da UE, devendo os
países “reforçar o seu alinhamento com o pacto ecológico”, uma vez que a
maioria dos 27 corre o risco de “não cumprir o objetivo de afetar 37%
da despesa ao domínio do clima”.Com base
nos dados dos Estados-membros, o barómetro alerta que o fosso digital
entre zonas urbanas e rurais pode ameaçar a recuperação da Europa,
defendendo a urgência em “apoiar a coesão digital”.A
pandemia expôs “uma clivagem profunda entre os órgãos de poder local e
regional que já são capazes de aproveitar todo o potencial da
transformação digital para ajudar as empresas a crescer e a inovar” e
aqueles que” ainda não estão totalmente digitalizados”.A
taxa de cobertura total dos agregados familiares da UE por redes
digitais é de 44% nas zonas urbanas, contra 20% nas zonas rurais,As
disparidades entre as zonas urbanas e rurais na utilização diária da
Internet são “particularmente acentuadas na Bulgária, na Roménia, na
Grécia e em Portugal”, refere o barómetro que aponta a Suécia, a
Finlândia e a Dinamarca como os países que registam o maior nível de
coesão.Alemanha, a Suécia, os Países
Baixos e a Bélgica são listados como os países que estão a desenvolver
ações para reduzir as diferenças entre as zonas rurais e urbanas, sendo
que nos outros Estados-Membros “o fosso permanece considerável”.O
Eurobarómetro é hoje discutido no âmbito da Semana Europeia das Regiões
e das Cidades (#EURegionsWeek), o maior evento anual em Bruxelas
dedicado à política regional.Na sua 19.ª edição, o evento reúne mais de 12.000 participantes e 1.000 palestrantes que participam em cerca de 300 eventos.Este
ano, a Semana Europeia tem como lema "Juntos pela Recuperação" e aborda
quatro temas centrais: "Transição Verde: para uma recuperação
sustentável e verde"; "Coesão: da emergência à resiliência"; "Transição
Digital: para pessoas" e "Envolvimento dos Cidadãos: para uma
recuperação inclusiva, participativa e justa".