Pandemia fez aumentar a desnutrição entre os venezuelanos
17 de ago. de 2020, 08:37
— Lusa/AO Online
“Temos estado monitorizando a situação
principalmente o tema nutricional, dos alimentos e da saúde. As pessoas
estão sem possibilidades de levar alimentos a casa, o isolamento social,
a quarentena e as medidas que têm sido tomadas devido à pandemia tem
afetado o ingresso dos venezuelanos”, afirmou Janeth Márquez.Em
declarações à Unión Rádio, Janeth Márquez explicou que “mais de 75% da
população venezuelana trabalha na economia informal e na revenda [de
produtos] e tudo isso está ‘colapsado’ devido à pandemia".“As
pessoas não têm como comprar alimentos, como fazer uma dieta balanceada
e por isso, quando pesamos e medimos os meninos de 0 a 5 anos e as
mulheres grávidas, vemos que entre os meses de abril, maio e junho a
desnutrição aumentou”, explicou.Segundo a
diretora da Cáritas, nos meses de janeiro e fevereiro a situação das
venezuelanas tinha registado uma ligeira melhoria devido “a remessas [de
famílias], a alguns subsídios e ajudas", mas a partir de abril vemos
como a desnutrição, “que era de 8,9%, atingiu 17,6%” de média nacional.“Em
média, temos zonas como Zúlia, Yaracuy e Falcón [três dos 24 estados do
país], em que o número é superior a 22%. As pessoas não têm alimentos e
começa-se a ver as consequências”, frisou.Janeth
Márquez explicou que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
“quando há mais de 10% de nutrição entre um grupo de crianças, estamos
em crise, e que a partir de 15% entramos em emergência”.Por
outro lado, explicou que a Igreja Católica venezuelana, através da
Cáritas Venezuela e outras organizações sociais, tem distribuído
alimentos localmente, suprimentos contra o coronavírus e medicamentos
para doenças crónicas.“É urgente
multiplicar por cem a entrada de ajuda humanitária. Necessitamos de
ajuda. Estamos realmente assutados”, disse, precisando que há sete
milhões de venezuelanos em situação de carência.Na Venezuela estão confirmados 32.607 casos de coronavírus e 276 mortes associadas à covid-19.Os dados oficiais dão conta que 21.747 pessoas recuperaram da doença.A
Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao
executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.A atividade económica é limitada e apenas está permitida a comercialização de produtos básicos essenciais, em horário reduzido.Os
voos nacionais e internacionais foram restringidos até 12 de setembro e
a população está impedida de circular entre os diferentes municípios do
país.A pandemia de covid-19 já provocou
mais de 766 mil mortos e infetou mais de 21,5 milhões de pessoas em 196
países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.Depois
de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o
continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais
mortes.