PAN opõe-se a referendo e alerta para “precedente perigoso”
Eutanásia
5 de dez. de 2022, 18:32
— Lusa/AO Online
“Estamos
a falar de uma matéria de elevada sensibilidade, de direitos humanos,
que não nos parece que deva ser referendável”, afirmou a deputada única
do PAN, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República,
depois de o presidente do PSD ter anunciado a entrega de um projeto de
resolução no parlamento a pedir um referendo sobre a despenalização da
eutanásia.Inês de Sousa Real indicou que
esta proposta do PSD será debatida na Comissão Política Nacional do
partido, mas adiantou que o PAN deverá manter “aquilo que foi
anteriormente a sua posição face a um referendo sobre a morte
medicamente assistida”.“Porque não nos faz
qualquer sentido abrir-se este precedente no nosso entender perigoso
face a outros direitos fundamentais que emanam na nossa Constituição”,
defendeu.Em 09 de junho deste ano, a
Assembleia da República ‘chumbou’ o projeto de resolução do Chega que
pedia a realização de um referendo sobre a despenalização da morte
medicamente assistida e nessa altura o PAN votou contra.“Isto
será um grave precedente estarmos a referendar matérias que constituem
direitos humanos que limitam aquilo que é a autodeterminação pessoal
numa área tão sensível como esta”, defendeu a porta-voz do PAN.Inês
de Sousa Real considerou que este processo legislativo é “dos mais
participados” e “já atravessou várias legislaturas, com várias consultas
públicas” a diversas entidades.No seu
entender, a despenalização da eutanásia tem também “um largo consenso
até por força de partidos que têm nos seus programas, como é o caso do
PAN, inscrita esta proposta”.“O argumento
de que é preciso que as pessoas saibam o que está a ser debatido ou
discutido em nosso entender não colhe e é uma forma de tentar, por via
administrativa, ganhar aquilo que não ganharam pela via política e,
acima de tudo, adiar direitos humanos”, salientou.A líder do PAN apontou também que “ao longo de todo este processo legislativo o PSD não falou no referendo”.“Não
nos podemos esquecer que esta terceira devolução à Assembleia da
República deste diploma, a única questão que foi levantada por parte do
senhor Presidente da República era a questão do conceito da doença fatal
e da doença grave e irreversível”, afirmou Inês de Sousa Real,
considerando que, “em momento algum, a participação cidadã ou a
dificuldade de haver uma decisão por parte de uma maioria mais alargada
foi posta em causa”.