PAN apresenta projeto de revisão e quer consagrar proteção animal na Constituição
10 de nov. de 2022, 16:57
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, Inês de Sousa Real adiantou que o partido
está a concluir o seu projeto, mas criticou que o processo de revisão
ordinária da Constituição que foi desencadeado pelo Chega coincida com a
discussão do Orçamento do Estado (ambos os prazos para apresentação de
propostas de alteração terminam na sexta-feira).“Não
podemos deixar de lamentar que assim tenha acontecido porque estamos a
rever a Lei Fundamental, não é qualquer ato normativo que está a ser
revisto, e era importante que houvesse autonomização e dignidade até
para que as pessoas pudessem acompanhar”, defendeu a porta-voz do
partido Pessoas-Animais-Natureza.Ainda
assim, o PAN não quer ficar de fora da discussão e vai apresentar uma
proposta “muito cirúrgica em termos de matérias” e focada em três áreas.Inês de Sousa Real salientou que “é fundamental acautelar que a proteção animal fica consagrada na Constituição”.“O
PAN entende que, até por uma questão de cumprir com o nosso programa
eleitoral e com aquela que é a nossa visão da tutela da Lei Fundamental,
que os animais devem ascender à lei máxima do nosso país de forma clara
e inequívoca, passando a constar não só dos deveres do Estado, ou seja,
do artigo 9.º, mas também do artigo 66.º, para que não haja aqui
qualquer tipo de suscetibilidade a que possam haver interpretações ou
não da Lei Fundamental no que concerne à proteção animal”, defendeu a
deputada.Em matéria ambiental, a líder do
PAN sustentou que, “apesar de a Constituição reconhecer o dever de
proteção da natureza e que todos têm direito a um ambiente sadio e à
qualidade de vida”, é necessário uma densificação e “ir mais longe”,
garantindo que “a Lei Fundamental também tutela aquilo que possa ser não
só o direito ao ambiente mas também a defesa do ambiente de uma forma
mais aprofundada”.“Princípios de justiça
intergeracional, garantirmos que deixamos um clima estável para as
gerações futuras, que situações que possam configurar ecocídio, de
alguma forma estamos a destruir o ambiente, tudo isso deve ser
densificado”, apontou.Em termos
eleitorais, o PAN defende a redução da idade mínima para votar dos 18
para os 16 anos, para que se possa “desde mais cedo combater o fenómeno
da abstenção”, e quer alterar o método de conversão de votos em
mandatos, considerando que o método de Hondt “faz com que haja um
desperdício de votos”.“Queremos que, de
forma muito cirúrgica, estas três dimensões possam ser melhoradas na
Constituição”, assinalou Inês de Sousa Real, ressalvando que “qualquer
tipo de retrocesso em matéria de direitos humanos ou outros direitos
cívicos ou políticos, não contarão evidentemente com o apoio do PAN”.Considerando
que “o bloco central muitas das vezes quando se une também não saem
dali os melhores resultados”, a líder do PAN apelou a PS e PSD que
“sejam muito cirúrgicos naquela que é a sua intervenção na revisão da
Constituição porque ela tutela princípios fundamentais em matéria
laboral, social, de direitos humanos, que é fundamental que se
mantenham, porque é preciso construir sociedades democráticas mais
fortes e resilientes e não ter qualquer tipo de retrocesso nestas
matérias”.