PAN apela à intervenção de Marcelo e Costa
Amazónia
23 de ago. de 2019, 15:49
— Lusa/AO Online
O eurodeputado do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), Francisco Guerreiro,
faz um conjunto de apelos em duas cartas abertas dirigidas ao chefe de
Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao líder do executivo, António Costa.
Francisco Guerreiro pede a Marcelo Rebelo de Sousa que garanta “que, na
próxima visita oficial do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a
Portugal, agendada para o início de 2020, os tópicos do desmatamento, da
destruição da biodiversidade e da selva amazónica, da perseguição a
ativistas ambientais, tal como a tentativa de usurpação de terras
demarcadas indígenas, sejam prioritários na agenda bilateral”.
O deputado europeu quer também que o Presidente português chame o
representante diplomático do Brasil e esclareça qual a posição oficial
daquele país “relativamente ao cumprimento do Acordo de Paris e ao
princípio do desmatamento zero”. O PAN
quer ainda que Marcelo solicite junto do secretário-geral da ONU,
António Guterres, “os meios científicos, diplomáticos e financeiros que
garantam a rápida e urgente elaboração de um roteiro internacional para a
regeneração da floresta amazónica e que proactivamente incluam o
Brasil, o Peru, a Colômbia, a Venezuela, o Equador, a Bolívia, a Guiana,
o Suriname e a Guiana Francesa no centro deste roteiro”, assim como
assegurar “junto das instituições europeias e dos países da CPLP o apoio
a este roteiro internacional”. Ao
primeiro-ministro, o eurodeputado pede-lhe que convoque com urgência “os
embaixadores do Brasil, do Paraguai e da Bolívia em Portugal para tomar
conhecimento e discutir as ações que estão a ser tomadas pelos seus
governos em relação aos atuais incêndios, ao desmatamento decorrente e à
destruição generalizada da floresta amazónica”.
Francisco Guerreiro pretende ainda que António Costa garanta que, na
próxima reunião do Conselho Europeu, a 10 e 11 de outubro, seja incluída
na ordem de trabalhos “o congelamento, por tempo indeterminado, da
implementação do Acordo Transnacional da União Europeia com o Mercosul”.
Entre uma série de outras iniciativas que apelam ao primeiro-ministro
que tenha, o deputado europeu do PAN pede-lhe que apresente “uma queixa
no Tribunal Internacional de Justiça caso não se verifique nenhum
compromisso tangível e substancial pela República Federal do Brasil,
pela República do Paraguai e pelo Estado Plurinacional da Bolívia para
travar o desmatamento na floresta Amazónica, para combater os incêndios
florestais e para assegurar a demarcação de terras indígenas”. A proteção, conservação e regeneração da floresta Amazónica deverá também ser uma prioridade nas próximas reuniões da CPLP.
“Temos de agir como nação para proteger um dos pulmões mais importantes
do planeta. A nossa própria sobrevivência está em jogo. Haja coragem e
ação política e ainda vamos a tempo de regenerar a floresta da
Amazónia”, declara Francisco Guerreiro. O
Presidente de França, Emmanuel Macron, acusou hoje o Presidente do
Brasil, Jair Bolsonaro, de mentir em matéria de compromissos ambientais e
anunciou que, nestas condições, França vai votar contra o acordo de
comércio livre UE-Mercosul.Jair Bolsonaro,
respondeu acusando o homólogo francês de ter “uma mentalidade
colonialista descabida” ao “instrumentalizar” o assunto propondo que
“assuntos amazónicos sejam discutidos no G7, sem a participação dos
países da região”. O acordo de livre
comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul
(Mercosul), integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi
fechado a 28 de junho, depois de 20 anos de negociações. O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro,
os incêndios no Brasil aumentaram 83% este ano, em comparação com o
período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto,
sendo a Amazónia a região mais afetada. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios
do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname
e Guiana Francesa (pertencente a França). Ainda segundo o INPE, a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.