PAN acusa serviços jurídicos do parlamento açoriano de parecer "enviesado" sobre taxa turística
4 de abr. de 2022, 16:02
— Lusa/AO Online
“Esse relatório do gabinete
jurídico está enviesado. É um enviesamento político daquilo que nunca se
diz da iniciativa. É uma iniciativa de um imposto regional, não é uma
iniciativa de uma taxa municipal. Há aqui uma grande diferença
jurídica”, afirmou o deputado único do PAN Pedro Neves, na reunião da
Comissão de Economia do Parlamento açoriano.O
deputado do PAN solicitou um parecer jurídico a um gabinete de
advogados e distribuiu o documento, “com mais de 11 páginas”, pelos
restantes partidos, que foram unânimes em decidir que, ao contrário do
que estava agendado, a iniciativa não deveria ser reapreciada.Da
agenda daquela Comissão fazia parte a “Reapreciação do Projeto de
Decreto Legislativo Regional n.º 49/XII (PAN) - “Regime Jurídico da Taxa
Turística Regional”, no seguimento da apresentação de substituição
integral”.Depois de terem sido ouvidos em
comissão a associação de municípios da região e o secretário regional do
Turismo e de terem sido pedidos pareceres a associações empresariais e a
associações ligadas ao setor, o PAN entregou uma proposta de
substituição integral, que continha poucas alterações à iniciativa
inicial.A primeira proposta, entregue em
fevereiro, não suscitou dúvidas ao gabinete jurídico do Parlamento
açoriano, que perante a alteração recomendou a reapreciação do
documento.“Fomos aconselhados pelos
serviços no sentido de voltar a trazer o documento à comissão para fazer
a sua reapreciação, relatar e remeter à apreciação do plenário”,
adiantou o presidente da Comissão de Economia, José Ávila (PS).O
deputado do PAN apelou aos partidos para que não voltassem a pedir
diligências, alegando que o relatório “não incide sobre a substituição”.“O parecer do gabinete jurídico teve tudo a ver menos com os artigos que o PAN alterou”, avançou.Entre
outros pormenores, a nova proposta altera a data de entrada em vigor do
regime, de 60 dias após a aprovação para 01 de janeiro de 2023.Altera
também a divisão da taxa cobrada entre os municípios e a direção
regional do Ambiente, passando os municípios a ficar com 75% do montante
cobrado, em vez de 50%.Pedro Neves acusou
o gabinete jurídico de “diminuir a Assembleia regional e a hierarquia
dentro da região”, ao considerar que o Parlamento açoriano não pode
decidir sobre a aplicação de uma taxa turística regional.“Neste caso, querem fazer um bloqueio político e não um bloqueio técnico”, frisou.O
deputado do PAN sublinhou que a proposta visa a criação de uma taxa
turística regional e não municipal, rejeitando que o Parlamento
estivesse a tentar legislar sobre uma matéria da competência das
autarquias.“Se existir alguma
inconstitucionalidade não é o deputado que vai decidir, não é o
Representante da República que vai decidir, é o Tribunal Constitucional
que vai decidir essa inconstitucionalidade”, reforçou.Segundo
Pedro Neves o pedido de reapreciação da proposta foi feito “de forma
uma forma totalmente extemporânea e atrasada”, quando a comissão já
estava a “finalizar o relatório”, para debater a proposta em plenário.