PAN/Açores quer "compensar" pagamento do trabalho suplementar médico
18 de nov. de 2021, 18:25
— Lusa/AO Online
Na
exposição de motivos, o parlamentar considera que a “falta de médicos e
a recusa legal em realizar mais horas coloca em risco a continuidade
das escalas de serviços nas urgências e obriga ao recurso da contratação
de prestadores externos, feita de forma irregular e nem sempre com a
qualidade requerida”.Segundo Pedro Neves,
estes médicos, “habitualmente, deixam vagos os concursos públicos ou
abandonam os serviços públicos pela sua baixa remuneração”.“A
proposta, à qual os profissionais acedem de forma totalmente
voluntária, visa recompensar o esforço acrescido dos médicos quando
exercem funções para além do limite de duas formas. Por um lado, é
aplicado um escalão superior, a primeira posição de assistente graduado
da nova tabela remuneratória em vigor, como base de cálculo das horas
extraordinárias, a todos os médicos que aufiram um salário inferior
àquele montante”, defende-se na iniciativa parlamentar. O
PAN/Açores pretende que sejam “majorados alguns índices relativos a
esses cálculos, sobretudo para o pagamento feito nas noites semanais,
sábados durante o dia e domingos noturnos, já que as noites de sábado e
os domingos diurnos são os únicos com melhor remuneração e os mais
compensatórios”.De acordo com o também
líder do PAN/Açores, “são contabilizadas anualmente as horas
extraordinárias feitas acima daquele limite legal como trabalho efetivo
para fins de progressão na carreira: ou seja, logo que em horas extras
acumuladas o médico alcance o horário que habitualmente realiza
anualmente é-lhe somado mais um ano de serviço para essa progressão”.A
proposta inclui o aumento da contagem de 1 para 1,5 pontos por cada ano
de trabalho e mantém-se a subida de escalão no fim de cada dez pontos.Para
aquela força política, a medida “vai beneficiar sobretudo os médicos
mais jovens, já que os mais antigos se regem por uma tabela
remuneratória diferente e mais elevada, ainda que também sejam
beneficiados pelas alterações dos índices de cálculo”.O
parlamentar aponta que a Madeira “tem já em vigor um sistema majorado
do trabalho extraordinário, com um valor único, mas com lacunas, pois
estabelece um referencial inflacionado para os próprios prestadores”.Este,
“aplicado nos Açores, acarreta um esforço financeiro governamental
maior por haver mais profissionais envolvidos em três hospitais e
múltiplas unidades de saúde de ilha com urgência básica, fruto da maior
descontinuidade territorial, e não discrimina positivamente as noites e
os fins de semana”, segundo o deputado.De
acordo com Pedro Neves, a proposta “aproxima os valores remuneratórios
aos que são pagos aos chamados tarefeiros, é comportável em temos
orçamentais, pode ser também uma medida complementar na fixação de
profissionais e uma forma de dissuasão relativamente à opção
profissional pela prestação de serviços, seja nos hospitais, seja nas
unidades de saúde de ilha”.