PAN/Açores defende celebração de contratos de trabalho com amas na região
9 de nov. de 2023, 15:57
— Lusa
A posição do partido surge
na sequência de uma reunião que o PAN/Açores manteve com as amas da
região, na quarta-feira, para ouvir as reivindicações da classe que
“visam, essencialmente, acabar com a discriminação entre as amas de
Portugal continental e as da região”, segundo nota de imprensa divulgada
pelo partido.O PAN/Açores lembra que
entrou em vigor, no continente, em 27 de outubro, "um regulamento com
medidas de apoio à contratação de amas em creche familiar, que pretende
incentivar a celebração de contratos de trabalho sem termo com amas que
estejam ou tenham estado integradas em creche familiar", defendendo a
sua implementação nos Açores.Sublinhando
que aquela medida visa "colocar termo à precariedade laboral" das amas
que exercem a profissão a “recibos verdes”, que, "em bom abono da
verdade", são “falsos recibos verdes”, atendendo "à real natureza das
condições" em que o trabalho é exercido. "As
amas dos Açores pretendem que a mesma medida seja implementada na
região para evitar a progressiva degradação da profissão e acabar com a
evidente discriminação laboral", defende o PAN nos Açores, apontando que
"a valorização salarial" é outra das reivindicações da classe. Além
disso, esta classe profissional pretende que "seja retomado o pagamento
do suplemento de alimentação e de despesas correntes que foi revogado
em janeiro de 2023, sob a promessa de revisão para melhoramento das suas
condições de pagamento", adianta o partido, que destaca o "papel
fundamental" das amas no cuidado e desenvolvimento das crianças.“Estas
profissionais são fundamentais para o desenvolvimento, crescimento e
bem-estar das crianças, que serão o futuro da sociedade. Infelizmente, o
que assistimos é a um desrespeito por parte da vice-presidência do
Governo pelo trabalho digno e tão importante que estas profissionais
exercem. Investir nesta classe - guardiãs do maior tesouro de uma
família - é investir no futuro das nossas crianças, garantindo uma
sociedade mais justa e equitativa”, sustenta o deputado e porta-voz do
PAN/Açores, Pedro Neves, citado em nota de imprensa.No
final de outubro, um grupo de amas das ilhas Terceira, São Miguel e
Faial alegou que nos Açores o serviço é “prestado em regime de recibo
verde” e que “os valores auferidos não têm em conta o horário de
trabalho completo”, uma vez que prestam “11 horas ou mais de trabalho
por dia”, mas são remuneradas por oito.Segundo
as amas, no continente, “já têm sido dados passos no sentido de
regularizar a situação, não só a nível remuneratório, prevendo as 11
horas de trabalho diárias, mas também a nível de vínculo profissional,
em que as amas passam a regime de contrato sem termo”.“Estes
avanços conseguidos em Portugal continental foram os mesmo que as amas
dos Açores reivindicaram numa petição entregue ao Governo [Regional],
cujo único resultado foi a atualização da remuneração mensal para o
valor equivalente ao do ordenado mínimo na região, não contemplando,
como já mencionado, a totalidade do horário laboral”, apontaram.O
grupo de amas disse ter enviado um memorando à vice-presidência do
Governo Regional, que tutela a Solidariedade Social, em maio, mas não
obteve resposta, por isso enviou uma nova comunicação à tutela e aos
deputados regionais.Questionado pela Lusa,
o vice-presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), Artur Lima,
disse que as amas “já foram equiparadas ao salário mínimo” e que lhes
foram dadas “excelentes condições”.“Duvido
que tenham melhores condições no continente do que na Região Autónoma
dos Açores. Fizemos agora um curso de formação de 15 amas e foram
aprovadas oito. Estamos a investir muito. Dignificámos muito em relação
ao passado o estatuto das amas. Não têm nenhuma razão de queixa”,
frisou.Artur Lima sublinhou que a formação das amas, que atribui um certificado exigido por lei, é gratuita nos Açores.Admitindo
que “é sempre possível melhorar qualquer situação laboral”, o
vice-presidente do Governo Regional disse que as amas “deviam estar
muito satisfeitas pelo processo que se está a fazer”.