Palestina critica veto dos EUA a resolução da ONU para cessar-fogo
Médio Oriente
20 de nov. de 2024, 18:03
— Lusa/AO Online
“Somos
seres humanos e devemos ser tratados como tal”, exclamou Majed Bamya,
batendo com o punho na mesa, durante uma reunião do Conselho de
Segurança, e descrevendo como “o mínimo indispensável” o texto bloqueado
pelos norte-americanos, visando “pôr fim às atrocidades”.Os
Estados Unidos (EUA) impediram hoje novamente um apelo do Conselho de
Segurança a um cessar-fogo em Gaza, considerando que não permitiria a
libertação dos reféns israelitas cativos do Hamas.O
projeto de resolução preparado pelos dez membros eleitos do Conselho
exigia “um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente que deve ser
respeitado por todas as partes” e “a libertação imediata e
incondicional de todos os reféns”, segundo a agência noticiosa francesa
AFP.Na sequência do veto ao projeto, o
movimento islamita palestiniano Hamas acusou os EUA de serem
“diretamente responsáveis” pela “guerra genocida” de Israel na Faixa de
Gaza.“Mais uma vez, os Estados Unidos
mostraram que são parceiros diretos na agressão contra o nosso povo, que
é criminosa, que mata crianças e mulheres e destrói a vida civil em
Gaza, e que são diretamente responsáveis pela guerra genocida e pela
limpeza étnica, tal como a ocupação [israelita]”, reagiu o Hamas em
comunicado.A Autoridade Palestiniana
criticou a decisão, afirmando que o veto norte-americano “encoraja
Israel a continuar os seus crimes contra civis inocentes”.“A
decisão dos Estados Unidos de exercer o seu veto pela quarta vez
encoraja Israel a continuar os seus crimes contra civis inocentes na
Palestina e no Líbano”, declarou a Autoridade Palestiniana num
comunicado divulgado pela agência nacional Wafa. Pouco
antes da votação, o embaixador israelita na ONU, Danny Danon, afirmou
que o projeto “não passa de uma traição”, contando com Washington para
bloquear a sua adoção, que, segundo o mesmo, significaria um “abandono”
dos reféns.A 07 de outubro de 2023, o
Hamas levou a cabo um ataque sem precedentes no sul de Israel, causando a
morte de 1.206 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da
AFP baseada em dados oficiais, incluindo reféns mortos.Mais
de 250 pessoas foram raptadas durante o ataque, 97 das quais ainda se
encontram reféns em Gaza, e 34 foram declaradas mortas pelo exército
israelita.Como retaliação, Israel lançou
uma campanha de bombardeamentos seguida de uma ofensiva terrestre em
Gaza que causou pelo menos 43.985 mortos, a maioria civis, segundo dados
do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fidedignos pela ONU.Quase todos os 2,4 milhões de habitantes foram deslocados na região, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.Desde
o início da guerra que o Conselho de Segurança da ONU tem tido
dificuldades em se pronunciar unanimemente, tendo sido bloqueado várias
vezes pelos vetos americanos, mas também russos e chineses.No entanto, as poucas resoluções adotadas não apelaram a um cessar-fogo incondicional e permanente. Em
março, com a abstenção dos EUA, o Conselho apelou a um cessar-fogo
pontual durante o Ramadão - sem efeitos no terreno - e em junho aprovou
uma resolução dos EUA que apoiava um plano norte-americano de
cessar-fogo em várias fases acompanhado da libertação de reféns, que
nunca chegou a concretizar-se.