País deve aproveitar “fundos extraordinários” para “mudanças radicais”
29 de mar. de 2022, 18:08
— Lusa/AO online
“Os
financiamentos disponíveis hoje são três vezes e meia mais, por ano, do
que aquilo que estávamos habituados a gerir. Neste momento, não há
condições para se falar de falta de dinheiro. O que há é uma
responsabilidade brutal de, tendo em conta os cenários que se nos
deparam e a situação em que estamos, concentrar esforços a fazer
mudanças radicais na nossa maneira de funcionar e de trabalhar”,
apontou.Falando
durante a inauguração do UAlg Tec Campus, um hub empresarial promovido
pela Universidade do Algarve (UAlg), a comissária europeia para a Coesão
e Reformas aludiu a “um mundo em revolução”, que passa pelo
aproveitamento dos recursos digitais e da inteligência artificial
combinados com a aposta numa economia verde, dando “um sentido
estratégico aos fundos extraordinários que os contribuintes europeus
estão a canalizar para Portugal”.Elisa
Ferreira deu os exemplos da gestão de energia num edifício - “porque os
custos da energia vão aumentar, e estão já a aumentar”, sublinhou -, ou
da aplicação de inteligência artificial à gestão da água ou gestão do
trânsito.“As
condições excecionais de financiamento que neste momento existem têm de
ser dirigidas exatamente neste sentido, porque amanhã vai ser tarde e
porque amanhã as oportunidades já passaram. Estaremos a cometer um grave
erro para a geração que se segue”, frisou, referindo-se ao
aproveitamento dos fundos europeus dos ciclos 2014-2020, ainda com
margem de execução, 2021-2027 e das verbas do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR).O
projeto do UAlg Tec Campus, um espaço de 4.500 metros quadrados
promovido pela UAlg através da requalificação de um antigo polo da
academia, que abriu com 16 empresas e 300 trabalhadores, é um exemplo de
“valor acrescentado” e que “vai andar pelos seus próprios meios”, mas
Elisa Ferreira quer ver o retrato do projeto a médio prazo.“Isto
é uma fotografia, mas eu quero ver o filme todo. Daqui a dois anos
vamos ver quantas empresas, a partir deste embrião, saíram daqui,
criaram postos de trabalho, estão afirmadas no mercado ou registaram
patentes. O objetivo é ter um tecido produtivo capaz de gerar salários
bem pagos e dar satisfação e qualidade de vida aos nossos jovens e
cidadãos em geral”, sustentou.Na
mesma ocasião, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apontou
o Ualg Tec Campus como um exemplo de “boa aplicação” dos fundos
europeus, em que “uma aliança” entre academia e conhecimento gera “novas
soluções para velhos problemas e novas soluções para novos problemas”,
além de tornar o território “muito mais desenvolvido”.“Quanto
temos empresas mais competitivas, que pagam melhores salários, as
pessoas têm melhor qualidade de vida. O objetivo último dos fundos
europeus é fazermos diferente. Este é um projeto que não tem fim, em
termos de desafios que se colocam à universidade e dos benefícios para a
comunidade, não só para o Algarve, mas para todo o país”, disse a
governante.O
reitor da UAlg, Paulo Águas, garantiu que as empresas ali alojadas
“estão obrigadas” a trabalhar com a universidade, nomeadamente no
acolhimento de estudantes de doutoramento, sendo parceiras da academia
na candidatura a projetos e solicitando trabalho à universidade na área
da investigação e desenvolvimento.“É
uma obrigação porque está no contrato, mas as empresas terão todo o
interesse em relacionar-se com a universidade nessas áreas, porque
também sairão beneficiadas”, sublinhou o reitor, realçando que o projeto
“vai mudar” o campus onde está situado e “contribuir para a cidade e
para a região, com emprego mais qualificado”.O
projeto do UAlg Tec Campus, que integra ainda um centro de simulação
clínica noutro campus da academia algarvia, representa um investimento
de 7,2 milhões de euros, com 5,8 milhões provenientes de fundos
comunitários.