Painel Independente defende que a pandemia poderia ter sido evitada
Covid-19
12 de mai. de 2021, 16:46
— Lusa/AO Online
Num relatório apresentado esta quarta-feira, o
Painel Independente considera que a
Organização Mundial de Saúde demorou demasiado tempo a soar o alerta e
que teria sido possível evitar a catástrofe classificada como "Chernobyl
do século XXI", que já custou a vida a pelo menos 3,3 milhões de
pessoas e provocou uma crise económica mundial."É
claro que a combinação de más escolhas estratégicas, falta de vontade
de atacar as desigualdades e um sistema mal coordenado criaram um
‘cocktail’ tóxico que permitiu à pandemia transformar-se numa crise
humana catastrófica", revela o relatório."Muito
tempo se passou" entre a notificação de um foco epidémico na China, na
segunda quinzena de dezembro de 2019 e a declaração, a 30 de janeiro
pela OMS, de uma emergência de saúde pública de âmbito internacional,
segundo os peritos. Isto enquanto a China foi acusada de camuflar a
epidemia.O grupo de especialistas recomenda o lançamento de um novo sistema mundial de vigilância, baseado numa "transparência total". "Propomos
que a OMS passe a publicar em tempo real todas as informações de que
dispõe sem a permissão dos governos", explicou Michel Kazatchkine,
membro do Painel Independente."É preciso
também que os 194 estados-membros da ONU permitam à OMS desenvolver uma
investigação num país onde exista um foco infeccioso", explicou.Agora
que os progressos da vacinação permitem vislumbrar um progressivo
regresso à normalidade na América e na Europa, a índia reportou 4.200
mortes em 24 horas, 250.000 no total, e luta com uma variante que se
estendeu a pelo menos 44 países. Com a
vacinação bastante avançada nos países desenvolvidos, exige-se no
relatório que os países ricos forneçam mil milhões de doses de vacinas
até setembro, e outras tantas até meados de 2022, a 92 países de fracos
rendimentos, beneficiários do sistema de distribuição Covax.