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Pai e filho partilham o ‘reino’ dos queijos dos Açores

No ‘reino’ do queijo premiado dos Açores, pai e filho partilham o negócio em estabelecimentos diferentes em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, sendo procurados por locais, turistas e emigrantes.


Autor: Lusa

Carlos Bernardo criou há 47 anos o estabelecimento Reis dos Queijos, que é gerido há 15 anos por um dos seus filhos – Mário Bernardo – e onde são comercializadas 47 variedades de queijo, apenas de origem açoriana.

“Nós destacamo-nos pela afinação do queijo. Não recebemos e vendemos logo”, disse Mário Bernardo à Lusa, explicando que o queijo é guardado num armazém à temperatura e humidade adequadas e “virado no tempo certo”.

Aquele estabelecimento desenvolveu, entretanto, o seu próprio queijo, num projeto em parceira com a Lactaçor, sendo “pasteurizado e similar" nas suas características ao queijo do Topo, de São Jorge.

Mário Bernardo referiu ainda que os emigrantes “levam rodas inteiras de queijo para fora”, bem como o turista continental.

Um outro filho do Rei dos Queijos, Milton Bernardo, divide o mercado do queijo com o seu pai e irmãos desde que resolveu sair e fundar o Príncipe dos Queijos, também em Ponta Delgada.

“Há muita gente que procura a loja porque tanto meu pai como eu afinamos os queijos”, o que “dá ao queijo sabores diferentes de outros mercados”, referiu Milton Bernardo à Lusa.

O seu cliente típico, entre os quais muitos continentais, procura "um queijo forte, mais velho”, mas que os picantes também não ficam nas prateleiras.

Milton Bernardo disse que os emigrantes nos Estados Unidos e no Canadá são clientes assíduos, que levam o queijo embalado a vácuo para a viagem e transportado dentro de uma caixa, com o respetivo recibo e certificado devido às exigências do mercado norte-americano.

“Muitos deles chegam à nossa loja já referenciados por outros emigrantes que cá estiveram”, afirmou.

Sobre o facto de o irmão ter optado pelo seu próprio negócio e criando o Príncipe dos Queijos, Mário Bernardo diz “há negócio entre ambas as partes e mercado para todos”, sendo este “um mercado consolidado”.

Os queijos açorianos ganharam reputação internacional devido aos vários prémios que venceram, tendo o queijo São Jorge DOP e suas curas recebido medalhas de ouro e reconhecido pela sua qualidade e singularidade em diversas categorias no World Cheese Awards.

Também o Queijo Velho São Miguel, com nove meses de cura, foi distinguido com medalhas de ouro no World Cheese Awards.

O Queijo Milhafre dos Açores, das Ilhas Terceira e Graciosa, foi reconhecido com o prémio Superior Taste Award 2022 e 2023, atribuído por jurados internacionais, e também foi um dos melhores do país em 2024.