Pacto Climático Europeu quer zonas para crianças voltarem a brincar na rua
2 de mai. de 2024, 12:03
— Lusa
“Não
faz qualquer sentido que hoje as crianças portuguesas vivam a maior
parte do seu tempo fechadas e não possam brincar na rua como os seus
pais e avós quando tinham a idade deles”, afirmou o embaixador para a
mobilidade em Portugal do Pacto Climático Europeu, António Gonçalves
Pereira.António Gonçalves Pereira
considerou ser “imperioso que autarcas em Portugal criem zonas nas
cidades, e nas povoações médias e mais pequenas, em que isso possa
acontecer” e sustentou que “brincar na rua é um direito, é uma condição
da cidadania infantil que o poder local democrático tem de garantir”.A
proposta de criação de zonas para as crianças brincarem na rua vai ser
apresentada na manhã de domingo, durante a iniciativa “Kidical Mass”
(massa crítica de crianças), na qual são esperadas centenas de famílias a
passear de bicicleta, num percurso com início na Quinta da
Alfarrobeira, em Benfica, e fim na Quinta das Conchas, no Lumiar, em
Lisboa.De acordo com uma nota de imprensa,
“o que vai ser proposto às câmaras municipais de todo o país é que,
numa primeira fase, criem zonas junto às escolas existentes onde seja
seguro para as crianças atravessar as estradas sem a companhia de
adultos e brincar nas suas imediações”.“O
que reivindicamos, em primeiro lugar, são envolventes escolares seguras e
livres de poluição do ar, ruído e tráfego motorizado de
atravessamento”, referiu António Gonçalves Pereira, um dos organizadores
do “Kidical Mass”, que também defendeu ser “essencial garantir rotas
seguras para as escolas, a pé e de bicicleta, leis de trânsito
rodoviárias amigas da criança e com limite de 30 quilómetros/hora nas
localidades e na maioria das ruas com pessoas”.Por
outro lado, são também necessárias “ciclovias largas, contínuas e com
cruzamentos seguros, em vias principais”, assim como “mais espaço
público dedicado à mobilidade ativa e para estar e brincar”, acrescentou
o embaixador para a mobilidade em Portugal do Pacto Climático Europeu.“Os
autarcas devem olhar para a população infantil como cidadãos com
direito à liberdade, à independência e à segurança”, frisou o também
coordenador da Ecomood Portugal - Associação para a Promoção Solidária
da Sustentabilidade na Mobilidade Humana e um dos organizadores da
“Kidical Mass”.O Pacto Climático Europeu é
uma iniciativa central do European Green Deal promovido pela União
Europeia e tem por objetivo mobilizar as comunidades para investimentos,
atividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos
combustíveis fósseis, promovendo a transição para modos de vida mais
seguros e saudáveis, e para uma economia sustentável.O
“Kidical Mass” é um movimento global que procura responder e dar
visibilidade à necessidade e vontade das famílias usarem modos ativos
nas suas deslocações diárias, como a bicicleta, caminhar, patins ou
skate.Este movimento, que tem como mote
“Espaço para a próxima geração”, exige a melhoria da infraestrutura
ciclável e a pacificação das ruas, principalmente nas áreas envolventes
escolares.A iniciativa “Kidical Mass”
decorre em toda a Europa, sendo que em Portugal realiza-se desde 27 de
abril em mais de 30 locais, “com milhares de crianças e pais a
manifestar-se por ruas mais seguras”.A
“Kidical Mass Portugal” tem em curso, desde 2022, quando o projeto
arrancou no país, a petição “Cidades seguras para todas as pessoas”,
dirigida ao Governo e parlamento, na qual pede a alteração do “limite
máximo de velocidade de 50 Km/h para 30 km/h em áreas urbanas, onde o
tráfego motorizado interage com peões e utilizadores/as de bicicleta”.