Organizações humanitárias pedem a Telavive que cancele ordem de evacuação
Israel
13 de out. de 2023, 12:27
— Lusa/AO Online
Tal como o resto
da população de Gaza, todos os trabalhadores da ONU são afetados por
este ultimato, bem como as 440.000 pessoas deslocadas que procuraram
refúgio nas escolas e noutras instalações que a organização gere naquele
território palestiniano.O porta-voz da
ONU em Genebra, Rolando Gómez, disse que altos responsáveis das Nações
Unidas, em particular a coordenadora humanitária na região, Lynn
Hastings, estão a “fazer todos os esforços” para que as autoridades
israelitas recuem, dada a impossibilidade de cumprir a ordem.A
ONU estima que, até agora, 23 trabalhadores humanitários tenham morrido
na sequência dos ataques israelitas contra Gaza, 11 dos quais eram
profissionais de saúde e 12 funcionários da Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).A
Organização Mundial da Saúde (OMS) garantiu que a evacuação dos
hospitais no norte de Gaza é impossível, alertando que muitos pacientes
morreriam na transferência e que os hospitais na zona sul da Faixa de
Gaza também estão sobrelotados e não têm capacidade para cuidar daqueles
que iriam chegar.“Transferir pacientes
muito doentes, incluindo crianças, que dependem completamente de apoio
médico para sobreviver, e pedir à equipa médica que abandone a zona, vai
além da crueldade”, disse o porta-voz da organização, Tarik Jasarevic.“Retirar
este apoio vital seria condená-los à morte”, frisou, depois de lembrar
que a OMS tem provisões médicas prontas no Egito, que aguardam apenas a
abertura de um corredor humanitário que permita a sua chegada à
população de Gaza.O único corredor
humanitário que parece possível é Rafah, na fronteira com o Egito, e é o
único ponto de entrada que não é controlado por Israel.Apesar
dos apelos humanitários para a abertura daquela passagem, o Egito
mantém-na fechada à passagem de pessoas e bens há três dias
consecutivos, depois de as forças israelitas terem atacado alvos perto
daquela área.Também o Escritório das
Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários lançou um
apelo urgente de financiamento de 300 milhões de dólares (cerca de 285
milhões de euros) para que uma rede de uma centena de organizações
humanitárias possa responder às necessidades mais urgentes de quase 1,2
milhões de habitantes de Gaza.Trata-se de
cobrir as necessidades mais básicas de alimentação, abrigo, saúde,
acesso a serviços de água potável e higiene, bem como educação para as
crianças, explicou a mesma entidade. Os
apelos das estruturas da ONU foram ainda corroborados pela organização
de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) que criticou a
ordem dada por Israel, lembrando que não há para onde fugir.“Ordenar
a retirada de um milhão de pessoas de Gaza, quando não há lugar seguro
para onde ir, não é um aviso eficaz. As estradas estão em escombros, o
combustível é escasso e o hospital principal fica na zona de evacuação”,
afirmou o principal consultor jurídico da HRW, Clive Baldwin, num breve
comunicado hoje divulgado.“Esta ordem não
altera a obrigação de Israel de nunca atingir civis nas operações
militares e de tomar todas as medidas possíveis para minimizar os danos a
civis”, sublinhou o representante, acrescentando que “os líderes
mundiais deveriam falar agora, antes que seja tarde demais”.Israel
ordenou hoje que mais de um milhão de pessoas que estão no norte de
Gaza abandonem a região nas próximas 24 horas, uma medida que deve
anteceder uma incursão terrestre no território palestiniano.O
movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou
no sábado um ataque-surpresa contra o território israelita, ao qual
Israel respondeu com bombardeamentos, que já duram há sete dias, a
várias instalações do Hamas naquele território palestiniano.