Organizações científicas dedicadas às alterações climáticas vencem prémio Gulbenkian para a Humanidade
13 de out. de 2022, 16:15
— Lusa/AO Online
A
Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e
Serviços de Ecossistemas (IPBES) e o Painel Intergovernamental sobre
Alterações Climáticas (IPCC) são as duas organizações vencedoras da
terceira edição do prémio no valor de um milhão de euros.O IPCC, que
em 2007 já tinha vencido o Prémio Nobel da Paz, foi criado em 1988 e
desde então dedica-se à avaliação e monitorização dos impactos climático
da ação humana, apoiando também os governos na tomada de decisão e
implementação de medidas de combate às alterações climáticas.Mais
recente, a IPBES foi criada em 2012 com o objetivo de melhorar a
relação entre o conhecimento científico e os decisores políticos, em
questões relacionadas com biodiversidade, proteção dos ecossistemas,
bem-estar humano e sustentabilidade.Com a
atribuição do Prémio a estas duas organizações, selecionadas entre 116
nomeações de 41 nacionalidades, o jJúri presidido por Angela Merkel
pretende reconhecer “o papel da ciência, na linha da frente do combate
às alterações climáticas e à perda de biodiversidade”.“Reconhecer
estas duas organizações vem pôr em destaque a necessidade de olhar para
a crise climática e da biodiversidade em conjunto, de forma concertada,
e recorrendo a soluções baseadas na natureza”, justifica o júri.Por
outro lado, o júri afirma ainda que a informação científica “tem sido
fundamental não só para o avanço de muitas ações políticas e públicas,
mas também para a necessidade de colocar um ‘caráter de urgência’ na
forma como, em termos de agenda política, é abordada a questão do
combate à crise climática”.Da parte do
IPCC, o presidente Hoesung Lee defendeu igualmente que a ciência é “o
instrumento mais importante que temos para combater as alterações
climáticas” e agradeceu a distinção que considerou ser um reconhecimento
e incentivo para todos os cientistas do Painel. “Mas é também uma forma de pressionar os decisores políticos para uma ação climática mais decisiva e eficaz”, acrescentou.A
secretária executiva do IPBES, por seu turno, sublinhou que o Prémio
constitui uma “poderosa declaração que confirma que a perda global de
espécies, a destruição de ecossistemas e a degradação dos benefícios da
natureza para as pessoas, em conjunto, representa uma crise não só de
magnitude semelhante à das alterações climáticas, mas também uma crise
que deve ser abordada pelo menos com o mesmo caráter de urgência”.Anne
Larigauderie deixou também uma palavra de agradecimento em nome dos
cientistas e das pessoas que têm trabalhado com a Plataforma, incluindo
comunidades indígenas e locais.No ano
passado, o prémio foi entregue à "Global Covenant of Mayors for Climate
& Energy", uma aliança constituída por mais de 10.600 cidades e
governos locais de 140 países, depois de ter premiado, na primeira
edição, a ativista sueca Greta Thunberg.