Organizações ambientalistas alertam que Europa pode falhar metas climáticas 2030
26 de nov. de 2020, 18:48
— Lusa/AO Online
Numa
altura em que os governos europeus discutem os planos de ação climática
da União Europeia (UE) para 2030, organizações ambientalistas como a
Greenpeace, World Wide Fund for Nature (WWF) e Federação Europeia de
Transportes e Ambiente (T&E), alertam que eliminar ou enfraquecer a
lei que estabelece metas nacionais seria um erro grave. Num
comunicado divulgado a T&E, que agrupa organizações
ambientalistas na defesa de políticas sustentáveis para o setor dos
transportes, lembra que no mês passado a Comissão disse estar a
considerar eliminar gradualmente o Regulamento de Partilha de Esforços,
que estabelece metas nacionais para quatro setores de redução de
emissões de gases com efeito de estufa, ou permitir que determinados
setores não sejam considerados na lei.Atualmente
a lei estabelece objetivos anuais vinculativos de redução de emissões
que cada país da UE deve atingir nos setores dos transportes
rodoviários, edifícios, agricultura e resíduos.“Afastar-se”
das metas nacionais vinculativas é arriscado e “inaceitável”, dizem as
organizações na carta à presidente da Comissão, acrescentando que tal
reduziria os incentivos para medidas nacionais eficazes, minaria o apoio
a políticas comprovadas ao nível da UE, e atrasaria a ação em alguns
setores e causaria impactos graves nos cidadãos mais pobres. Se
os governos deixarem de ser obrigados a reduzir as emissões nos
transportes rodoviários e nos edifícios esses setores serão incluídos no
mercado de carbono da UE e, avisa a organização, “os cidadãos terão de
pagar mais pelo combustível rodoviário e aquecimento através de preços
de carbono mais elevados”.Responsáveis das
organizações, citados no comunicado, defendem que a Comissão Europeia
não deve suprimir o regulamento, mas sim reforça-lo, estabelecendo
objetivos juridicamente vinculativos, e que a proposta da Comissão não é
uma boa alternativa e pode mesmo comprometer as metas de redução de 55%
das emissões até 2030.O Regulamento de
Partilha de Esforços foi adotado pelo Conselho Europeu em maio de 2018.
Define metas vinculativas de redução de emissões para os
Estados-membros, em setores que não são abrangidos pelo regime de
comércio de licenças de emissões da UE, para o período 2021-2030.Em
setembro a Comissão Europeia apresentou o plano para reduzir as
emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030,
comparando com os números de 1990.O plano contempla, entre outras medidas, a adaptação do Regulamento de Partilha de Esforços.