Organização Europeia de Consumidores acusa TAP de violar direitos dos passageiros
Covid-19
22 de jul. de 2020, 18:01
— Lusa/AO Online
“Na
sequência de milhares de queixas de passageiros de companhias aéreas, a
BEUC - e 11 das suas organizações membros - denunciaram algumas das
principais companhias aéreas [na Europa] às autoridades nacionais para
proteção dos consumidores e à Comissão Europeia por violarem os direitos
dos passageiros e por utilizarem práticas comerciais desleais”, informa
a estrutura em comunicado hoje divulgado.Isto
porque, de acordo com a organização sediada em Bruxelas, “desde o
início da crise da covid-19, algumas das maiores companhias aéreas
europeias têm falhado redondamente em reembolsar os passageiros e em
fornecer informações claras e completas sobre os seus direitos”.E,
embora assinale a existência de “práticas desleais em todo o setor” na
sequência da interrupção das viagens aéreas por causa da pandemia, a
BEUC assinala que a TAP, bem como a Aegean, Air France, EasyJet, KLM,
Norwegian, Ryanair e a Transavia, “estão entre as companhias com maior
número de reclamações dos consumidores”.“Embora
reconheçamos que a pandemia criou grandes desafios para a indústria das
viagens, fornecer informações erradas e enganar os consumidores sobre
os seus direitos não é aceitável”, sublinha a BEUC, pedindo uma “ampla
investigação no setor relativamente a práticas desleais amplamente
difundidas durante os últimos meses”.Segundo
a BEUC – que, em Portugal é composta pela Associação Portuguesa para a
Defesa do Consumidor (DECO) – em causa estão situações como a
impossibilidade de solicitar um reembolso por ser difícil contactar o
serviço ao cliente, a dificuldade em encontrar informação sobre
reembolsos em dinheiro enquanto os ‘vouchers’ são sistematicamente
promovidos e as falhas de informação aos passageiros sobre os seus
direitos.E, daqui, resultaram queixas às
associações de consumidores de cidadãos europeus por as empresas estarem
a forçar os clientes a aceitar vales em vez de reembolsos em dinheiro e
por estarem a fornecer informação enganosa ou a não informar sobre os
direitos.As normas comunitárias preveem
que, perante uma viagem aérea cancelada, as companhias têm de dar a
escolher aos passageiros entre um reembolso em dinheiro e um
encaminhamento posterior, nomeadamente através da emissão de um vale
para posterior uso, além de serem obrigadas a prestar informação clara.Dadas
as graves dificuldades de liquidez das transportadoras aéreas, cujo
negócio é dependente das receitas com bilhetes, muitas têm tentado levar
os passageiros a optar pelos ‘vouchers’.Na
nota hoje publicada, a BEUC insta, ainda, “as autoridades nacionais a
investigar estas práticas e a forçar as companhias aéreas a cumprir a
legislação da UE sobre passageiros e direitos dos consumidores”.