Ordem vai avaliar declarações de diretor do hospital de Águeda sobre agressões a médica
27 de jan. de 2020, 11:17
— Lusa/AO Online
A médica foi agredida na quinta-feira à noite
no exercício das suas funções e, segundo o hospital, citado pela
imprensa, a médica sofreu uma fratura numa das mãos.Na
sequência do caso, o diretor clínico do CHBV, citado pela OM, afirmou
aos órgãos de comunicação social que “(…) a queixa é sempre da pessoa
agredida, não é nossa. Nós somos coadjuvantes na queixa, até porque a
senhora não é uma funcionária pública, é uma contratada (…)”. “Que
desprezo por quem está a servir a causa pública. Ao diretor clínico só
lhe faltou dizer que a médica não era portuguesa! Provavelmente ignora
que quando alguém agride fisicamente um profissional de saúde num
hospital público comete um crime público”, afirma em comunicado a Ordem
dos Médicos. Para a OM, “é irrelevante a
qualidade da vítima (funcionária pública ou não), porque não se trata de
uma questão de direito administrativo, mas sim de direito penal e a
médica foi agredida no local de trabalho que é público, tendo o diretor
clínico também a responsabilidade de lhe garantir condições de segurança
no trabalho”. No seu entender, o diretor
clínico co CHBV “cometeu uma imprudência que irá merecer da parte da
Ordem dos Médicos a avaliação adequada”.Na
sequência dos vários casos de agressões contra vários profissionais, a
OM convocou para quarta-feira o Fórum Médico, plataforma que reúne todas
as associações e estruturas médicas, para “exigir ao Ministério da
Saúde e ao Governo as medidas e as condições adequadas para salvaguardar
a vida das pessoas, dos profissionais e dos doentes”. “Não
é aceitável que quem está a servir a causa pública e a salvar vidas não
veja a sua própria vida protegida”, afirma, defendendo que as
“agressões brutais” contra vários profissionais configuram “crimes
públicos repugnáveis e condenáveis, que já deviam ter tido uma
intervenção urgente por parte do Governo e das autoridades competentes”.A
Ordem dirigiu-se publicamente aos médicos, “recomendando fortemente,
como forma de prevenção, que não devem trabalhar sem as condições
adequadas, designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e
segurança física. E agora vai fazê-lo por escrito, sublinha. A
OM diz estar disponível para “ajudar o Ministério da Saúde a
reconstruir o SNS e a reconquistar e valorizar os profissionais de
saúde”, mas garante que “nunca aceitará a humilhação nem a escravatura
dos médicos que a atual tutela parece querer implementar em Portugal e
que está a ter consequências desastrosas”.O
Governo criou um gabinete de segurança, na dependência da ministra da
saúde, que terá uma abordagem mais sistemática dos problemas da
violência contra os profissionais de saúde.Desde
o início do ano, já foram noticiadas alegadas agressões a uma
enfermeira nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a dois
médicos (no Centro Hospital de Setúbal e no Centro de Saúde de
Moscavide, em Loures), e a uma enfermeira no Hospital de ÁguedaNos
primeiros nove meses de 2019, foram reportado 995 casos na plataforma
da Direção-Geral da Saúde, mais do que em todo o ano de 2018 (953
casos), sendo as injúrias o principal tipo de notificação (80%).