Ordem dos Psicólogos pede mais investimento na prevenção de maus-tratos infantis

Hoje 17:22 — Lusa/AO Online

Em comunicado para assinalar o Dia Universal dos Direitos da Criança a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) explicou que “investir em programas de promoção de competências parentais pode gerar um retorno de seis a 16€ por cada um euro investido” enquanto os programas de prevenção de maus-tratos infantis “asseguram um retorno de sete euros por cada um euro investido”.A OPP explicou ainda que “os primeiros 1.000 dias incluem os cerca de 270 dias de gravidez e os 730 dias após o nascimento” sendo neste “intervalo que se estabelecem as bases fundamentais da saúde física e psicológica, do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento socioemocional, influenciando a capacidade de aprender, formar relações saudáveis, integrar a comunidade e prosperar pessoal e profissionalmente”. Segundo a OPP, as políticas públicas dirigidas a esta fase do ciclo de vida “contribuem, direta e indiretamente, para o desenvolvimento capital humano e para o crescimento social e económico sustentado”.A OPP apresentou recomendações para políticas públicas entre as quais a integração da avaliação psicológica e social como componente obrigatória em consultas pré e pós-natais e o cumprimento do rácio de um psicólogo por 5.000 utentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O reforço dos cuidados de saúde primários e dos serviços de pediatria e obstetrícia bem como o aumento dos psicólogos para reduzir a burocracia no acesso das famílias ao sistema, são outras recomendações."Estimativas realizadas para o cenário britânico e brasileiro determinam que os custos económicos dos problemas de saúde psicológica na gravidez podem ascender aos 7,7 mil milhões de euros e 4,6 mil milhões de euros, respetivamente", exemplificou a OPP.A OPP sublinhou ainda que as “estimativas globais apontam que 48% das crianças vivem uma relação de vinculação insegura com os seus cuidadores”, podendo vir a vivenciar experiências repetidas de rejeição, negligência das suas necessidades ou cuidados inconsistentes.Outras recomendações são uma reforma que priorize o desenvolvimento infantil, com uma licença parental renumerada a 100% por pelo menos seis meses, a possibilidade de redução do horário de trabalho até aos 3 anos de idade da criança e acesso universal a creches de elevada qualidade.“Estudos têm demonstrado que o acesso a creches de elevada qualidade é uma das políticas com melhor relação custo-benefício, porque o investimento nas fases precoces do desenvolvimento potencia o impacto de investimentos futuros, promovendo diversas competências duradouras ao longo do ciclo de vida”, acrescentou a entidade.A OPP defende ainda a comparticipação total de suplementos essenciais ao desenvolvimento fetal e infantil, a redução do IVA em produtos essenciais para os primeiros anos de vida e a criação de serviços integrados de apoio às famílias, articulando saúde, educação e apoio social.