Ordem dos Médicos nos Açores considera “intolerável” interferências nas evacuações médicas
16 de out. de 2018, 14:06
— Lusa/AO Online
Isabel
Cássio, em declarações à agência Lusa, afirmou que “não é tolerável
qualquer tipo de interferência sobre a decisão médica, venha ela de onde
vier, de outros médicos ou pessoas que tutelam, de uma forma ou outra, a
saúde na região”.A
reação da responsável pelos médicos nos Açores surge após a divulgação
do processo de inquérito às evacuações médicas de doentes das ilhas de
São Jorge e da Graciosa, que foram pedidas quase em simultâneo,
revelando o documento ter havido interferência na decisão da médica
reguladora em relação a quem socorrer primeiro.O
relatório final do processo de inquérito, remetido pelo Governo dos
Açores à Assembleia Legislativa Regional, demonstra que, desde o momento
em que foram acionados os pedidos de ajuda a uma doente de São Jorge e a
um doente da ilha Graciosa, até terem sido ativados os mecanismos junto
da Unidade de Deslocações e Evacuações Aéreas (UDEA) e da Força Aérea
Portuguesa (FAP), a médica reguladora, a quem compete tomar as decisões
sobre as evacuações aéreas, foi interpelada múltiplas vezes por pessoas
alheias ao serviço.Isabel
Cássio considera que tem que haver “total independência” para que haja
uma decisão clínica “correta e atempada” nos casos em que é necessário
decidir “não só a pertinência da evacuação como estabelecer
prioridades”, uma vez que havia dois pedidos “quase em simultâneo”. Para
a presidente do Conselho Médico da Ordem dos Médicos nos Açores, o
sistema de evacuações médicas na região funciona, mas não “pode
verdadeiramente haver interferências no trabalho e decisão médica”, o
que se pretende “defender intransigentemente”.“Se
algum dia houver algum tipo de dúvida ou queixa sobre a maior ou menor
correção da decisão médica, esta deve ser participada a quem de direito
para ser analisada pelos seus pares, a Ordem dos Médicos”, declarou a
responsável.O
PSD/Açores defendeu na segunda-feira que o secretário regional da Saúde
não tem condições para continuar à frente do cargo, por ter sido
comprovado que interferiu numa decisão de evacuação médica em fevereiro
de 2017.“Apesar
dos factos muito graves apurados pelo inquérito da Inspeção Regional da
Saúde, o senhor presidente do Governo [Regional] prefere que a culpa
morra solteira. Se Vasco Cordeiro ainda tivesse algum sentido de
decência política, já teria percebido há muito tempo que o secretário
regional da Saúde deixou de ter condições para continuar no cargo”,
adiantou Mónica Seidi, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD.No
parlamento regional, esta semana terá lugar uma interpelação ao Governo
Regional, apresentada pela bancada do PS, que está em maioria no
parlamento dos Açores, respeitante ao serviço de transporte aéreo de
emergência médica.