Ordem dos Médicos espera um novo ministro que “faça acontecer”
Demissão Marta Temido
30 de ago. de 2022, 11:13
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, Miguel
Guimarães referiu que para o Ministério da Saúde se pretende “um
ministro que faça acontecer e que resolva os problemas que afetam a
saúde em Portugal e que de uma forma transversal afetam todos os
portugueses”.“A saída da senhora ministra
do Governo é uma decisão dela e que só ela pode explicar aos
portugueses. E só o senhor primeiro-ministro pode explicar porque
aceitou de imediato esta demissão”, referiu, a propósito do pedido de
saída do Governo de Marta Temido, conhecido hoje de madrugada.Para
Miguel Guimarães falta saber se a saída de Temido se deve “ao facto de
já não ter alternativas para resolver os graves problemas da saúde em
Portugal”.“Ou foi porque o Governo não lhe
deu condições para executar as medidas estruturais que eventualmente
poderia querer fazer no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, questionou.Sem
falar em especifico sobre a pasta da Saúde, Miguel Guimarães disse que
as demissões de ministros nunca o surpreendem porque “ser ministro não é
fácil”, exige “solidariedade interministerial” e envolve “relações
próprias com o primeiro-ministro”.Quanto ao futuro, o bastonário apontou que “eventualmente” alguém que “venha de fora” possa mostrar “mais capacidade”.“Não
me surpreende que em qualquer altura um ministro qualquer peça a
demissão, peça para sair ou seja substituído. Nessa perspetiva não me
causa qualquer estranheza. Quando não temos alternativas para resolver
os problemas que existem, normalmente alguém de fora pode ter,
eventualmente, mais capacidade para estabelecer as pontes necessárias
para que esses problemas sejam resolvidos”, referiu.Miguel
Guimarães lembrou que o Governo tem um programa para a saúde, “um
programa com coisas com as quais a Ordem concorda e outras com as quais
não concorda porque não resolvem nada” e que resta saber se esse
programa será cumprido.“Existe um programa
e um orçamento e não sei se alguém de novo, mantendo o que o Governo já
definiu, vai conseguir fazer alguma coisa relativamente aos problemas
que o SNS atravessa”, concluiu.A ministra
da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que
“deixou de ter condições” para exercer o cargo, demissão que foi aceite
pelo primeiro-ministro, António Costa.“A
ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a sua demissão ao
primeiro-ministro por entender que deixou de ter condições para se
manter no cargo”, dá conta uma nota enviada pelo ministério às redações
na madrugada de hoje.Poucos minutos
depois, um comunicado do gabinete do primeiro-ministro informou que
António Costa “recebeu o pedido de demissão da ministra da Saúde” e que o
aceita.António Costa agradeceu “todo o
trabalho desenvolvido” por Marta Temido, “muito em especial no período
excecional do combate à pandemia da covid-19”.Na
nota divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro acrescenta-se que o
executivo “prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o
SNS e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses”.Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes.Durante
os seus mandatos, Marta Temido esteve no centro da gestão da pandemia,
que começou em 2020, mas também atravessou várias polémicas.
Recentemente, o encerramento dos serviços de urgência de obstetrícia em
vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas
pressionou a tutela.