Ordem dos Médicos defende revisão dos critérios para uso universal de máscaras
Covid-19
6 de abr. de 2020, 10:58
— Lusa/AO Online
Numa nota divulgada esta segunda-feira, a OM
defende que a Direção-Geral da Saúde (DGS) deve rever e operacionalizar,
com caráter de urgência, os critérios de utilização universal das
máscaras de proteção individual, sobretudo nos espaços públicos onde a
distância de segurança seja mais difícil de manter.O
gabinete de crise da OM diz também que o Governo deve “assegurar o
fornecimento ininterrupto “dos equipamentos de proteção individual
indispensáveis à segurança de quem cuida dos portugueses, dos
profissionais de saúde e outros profissionais expostos ao exercício das
suas funções (forças de segurança, bombeiros e cuidadores)”.A
posição de OM surge depois de a ministra da Saúde ter anunciado, numa
entrevista à RTP, que a DGS pediu um parecer sobre o uso generalizado de
máscaras para evitar a propagação da covid-19, tendo sido aconselhada a
equacionar a medida. A DGS já tinha
na semana passada alargado a recomendação para uso de máscaras a
profissionais "fora das instituições de saúde" que lidem com doentes ou
suspeitos e aos que prestam "serviços essenciais" à população.Numa
norma publicada na sexta-feira, a DGS dizia que a máscara cirúrgica é
"aconselhada fora das instituições de saúde" para quem possa "contactar
diretamente com doentes suspeitos ou confirmados de covid-19", bem como
"com material utilizado pelos doentes", abrangendo bombeiros, serviços
de "limpeza e lavandaria", profissionais ou voluntários de lares ou
"pessoas institucionalizadas", apoio "aos sem-abrigo" e funcionários de
morgues ou cemitérios.A DGS fez ainda uma
lista de "grupos profissionais, tarefas ou situações em que pode ser
aconselhado o uso de máscara cirúrgica", citando os guardas prisionais,
forças de segurança, profissionais de alfândegas, aeroportos e portos e
manutenção de ar condicionado; distribuição de bens essenciais ao
domicílio; profissionais de limpeza de ruas e recolha de resíduos
urbanos e trabalhadores no atendimento ao público, "quando não seja
possível a instalação de barreira física".Na
norma, a DGS refere que, durante a pandemia, a utilização de máscara
cirúrgica “está recomendada” a pessoas com “sintomas de infeção
respiratória”, a “todas as pessoas no interior de instituições de saúde”
e a “doentes imunossuprimidos nas deslocações esporádicas fora do
domicílio”, mas “aconselha” a máscara em várias outras situações.“Não
obstante, a utilização de EPI fora das instituições de saúde está
aconselhada para: profissionais ou pessoas que possam contactar
diretamente com doentes suspeitos ou confirmados ou com material
utilizado por estes doentes”, alerta.No
comunicado hoje divulgado, o gabinete de crise da OM defende ainda que
deve ser melhorada a capacidade laboratorial dos testes de diagnóstico à
covid-19 em termos de volume, acessibilidade e tempo de resposta.Salienta
também a necessidade de possibilitar, “em regime de voluntariado, a
realização prioritária de testes de diagnóstico quinzenais aos
profissionais de saúde e outros profissionais expostos”, assim como a
“definição urgente, em colaboração com peritos, dos critérios de
realização, interpretação e utilidade dos testes serológicos de
avaliação de anticorpos”.A OM insiste
ainda na divulgação dos dados clínicos e epidemiológicos, “em formato
anónimo, dos doentes com critérios de internamento e doentes falecidos, à
comunidade médica e científica, de modo a identificar e maximizar
fatores de intervenção e melhoria de atuação”.Na
nota, defende também a necessidade de “simplificar e desburocratizar os
processos de aquisição de medicamentos, dispositivos e equipamentos
vitais” e de “aproveitar e rentabilizar a onda de solidariedade e todas
as ofertas da sociedade civil que podem fazer a diferença no combate à
covid-19”.