Ordem dos Médicos critica forma como são divulgadas propostas sobre urgências
21 de out. de 2022, 16:43
— Lusa/AO Online
Miguel
Guimarães reagia desta forma a uma notícia divulgada hoje pelo
Expresso, segundo a qual a Comissão de Acompanhamento de Reposta em
Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Blocos de Partos propõe limitar o
acesso das grávidas às urgências, uma medida que o jornal diz já estar a
ser preparada com o Governo.O semanário
revela que os problemas de saúde ginecológicos-obstétricos súbitos, mas
sem gravidade, vão ter indicação para assistência nos centros de saúde e
não nas urgências dos hospitais, onde deverão recorrer em caso de
verdadeira urgência. Questionado pela
agência Lusa sobre se tinha conhecimento desta proposta, o bastonário da
Ordem dos Médicos afirmou que não tinha conhecimento desta nem de
nenhuma outra proposta da comissão.“Até
agora não chegou à Ordem dos Médicos qualquer tipo de relatório da
comissão de acompanhamento. Se dizem que enviaram, não chegou. Portanto,
continuo sem conhecer exatamente os pressupostos que estão por trás,
teoricamente, das ideias, porque não são as próprias pessoas que as
estão a divulgar, acho eu. Ou pelo menos não foram quando foi a questão
[do fecho] das maternidades”, adiantou.“Temos
que conhecer muito bem qual é a proposta e eu estou convencido que o
senhor ministro dentro de pouco tempo apresentará propostas objetivas
para tentar melhorar o acesso das grávidas às maternidades”, rematouPara
Miguel Guimarães, a divulgação de propostas relativas a este tipo de
situações “mais complexas”, que envolvem grávidas e os respetivos bebés,
deve ser feita de forma diferente e devem ser ouvidos os intervenientes
envolvidos.“Obviamente que o senhor
ministro da Saúde já estará a refletir sobre as propostas, mas virem
este tipo de notícias sem fundamentação, sem se perceber exatamente o
que a comissão pretende em termos daquilo que são as suas propostas,
acho que não é propriamente o mais adequado”, comentou.No
seu entender, isto causa “intranquilidade na população”, dando como
exemplo o anúncio pela imprensa de que “poderiam fechar o serviço de
urgência de quatro ou seis maternidades”, revelando até o nome das
instituições.“Isto é uma situação que
preocupa as grávidas, as câmaras municipais - que não terão sido ouvidas
nesta matéria - preocupa no fundo todas as pessoas que querem soluções
concretas e querem perceber qual é a fundamentação relativamente às
propostas, porque se não a conhecerem, é óbvio, que não é possível fazer
as coisas com a tranquilidade que devem ser feitas”, defendeu.Relativamente
à proposta de limitar o acesso às grávidas nas urgências hospitalares, o
bastonário disse que é uma medida que tem de ser avaliada.“A
questão que se coloca é perante que sintomas uma grávida deve ir ao seu
médico de família ou a uma maternidade. Isto não é fácil”, disse,
defendendo que as grávidas têm de ter “uma educação em saúde muito
elevada que, até este momento, não aconteceu seguramente”.Por
outro lado, observou, há grávidas que de vez em quando já vão ao seu
médico de família mas, defendeu, “é preciso perceber o que é que esta
proposta em si encerra, essa é a questão fundamental”.“Também
é preciso perceber se existe ou não capacidade de resposta nos cuidados
de saúde primários que estão numa situação crítica”, advogou.