Ordem dos Médicos “chumba” criação de especialidade de urgência
13 de dez. de 2022, 12:01
— Lusa/AO Online
“O projeto foi apresentado pela
equipa que o preparou e foi chumbado e o assunto, para já, está
encerrado”, adiantou Miguel Guimarães, salientando que esta foi uma
“decisão democrática”.A recusa de criação
da especialidade, apoiada por antigos e atuais diretores de serviços de
urgência, foi tomada na reunião da Assembleia de Representantes, um
órgão da OM que junta os médicos de todos os distritos do país e das
regiões autónomas dos Açores e da Madeira.Miguel
Guimarães adiantou ainda que, como bastonário, teve de se manter
equidistante deste processo, limitando-se a dar os passos necessários
para que o projeto de criação da especialidade de Medicina de Urgência
fosse à Assembleia de Representantes. “Foi
democraticamente votada e as pessoas acharam que, neste momento, não é
oportuno a existência da especialidade”, disse Miguel Guimarães.Na
última semana, 56 antigos e atuais diretores de serviços de urgência
defenderam, num manifesto, ser indispensável a criação da especialidade
face às “enormes insuficiências” da rede hospitalar.“Numa
altura em que é bem claro para a classe médica, bem como para os
cidadãos, a existência de enormes insuficiências na entrega de cuidados
de urgência na nossa rede hospitalar, torna-se indispensável dar este
passo real na prossecução da melhoria desses cuidados”, refere o
documento a que a agência Lusa teve acesso.Os
signatários lembram que esta é uma especialidade com mais de 50 anos
“presente na esmagadora maioria dos países da Europa, nos quais
constitui um dos pilares fundamentais dos cuidados médicos”, mas que só
agora os médicos portugueses “vão decidir da bondade da sua criação”.Contudo,
em declarações à Lusa para a presidente da Sociedade Portuguesa de
Medicina Interna (SPMI), Lélita Santos, havia considerado a criação da
nova especialidade como inoportuna.“Neste
momento, não é oportuno [a criação da nova especialidade] e que há
outras alterações e medidas estruturais que devem ser tomadas antes de
se analisar a necessidade dessa especialidade”.“Para
já, não concordamos e até nos opomos à criação da nova especialidade.
Achamos que primeiro temos de organizar ou reorganizar o Serviço
Nacional de Saúde (SNS)”, disse a médica do Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra.Numa reação por
escrito à Lusa antes da votação, o diretor executivo do SNS, Fernando
Araújo, salientou que a criação da especialidade de Medicina de Urgência
constituía “um eixo fundamental na estratégia delineada” para esta
área.