Ordem dos Medicos apela à oferta de equipamento de proteção ao SNS
Covid-19
23 de mar. de 2020, 10:53
— Lusa/AO Online
Numa nota enviada às
redações, a Ordem dos Médicos (OM) lembra que o surto tem levado ao
encerramento de várias atividades profissionais, como consultórios de
estomatologia e medicina dentária, condicionando também atividades em
fábricas e oficinas ligadas à indústria automóvel, vidreira e de
pinturas, onde é habitual o uso de luvas, máscaras e viseiras.Lembrando
que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) atravessa um momento crítico, com
a pressão por causa do combate à Covid-19 - a doença provocada pelo
novo coronavírus -, com problemas de stock em materiais de proteção
individual, a OM apela à solidariedade de todos os que tenham material
certificado que não estejam a usar.“Continuam
a chegar-me todos os dias vários relatos de médicos que trabalham sem
condições mínimas de segurança, por falta de equipamentos básicos para
todos os profissionais de saúde, como máscaras ou luvas”, escreve o
bastonário da OM, Miguel Guimarães.O
bastonário diz que a OM tem reiterado junto da tutela a importância de
se “distribuir massivamente” este material e de se reforçarem os stocks
em Portugal “para proteção de todos”.“Se
os profissionais de saúde não estão devidamente protegidos colocam em
risco os doentes e colocam em risco a sua própria vida, podendo ficar
doentes e afastados dos serviços quando mais precisamos deles”, insiste o
bastonário.Miguel Guimarães diz que hoje
mesmo pediu a intervenção da Ordem dos Médicos Dentistas junto dos seus
associados, “no sentido de os médicos dentistas poderem ceder ao SNS
material de proteção que não estejam, nesta fase crítica, a utilizar”.Lembra
ainda que os bons exemplos de países com mais sucesso no combate à
pandemia estão associados à disseminação do uso destes materiais, como
em Macau, ou à decisão de fazer testes em larga escala a bolsas de
população, permitindo detetar mais cedo os casos assintomáticos, como na
Islândia.A OM diz também que já
questionou a Direção-Geral da Saúde (DGS) no sentido de saber quantos
são, até ao momento, os médicos e restantes profissionais de saúde com
Covid-19, bem como os stocks de diversos equipamentos e necessidades de
utilização estimadas até junho. Na semana passada, a OM estimava que 20% de todos os infetados no país com Covid-19 fossem médicos.Já
o Sindicato Independente dos Médicos disse estimar que existam mais de
50 médicos infetados com o novo coronavírus e mais de 150 em quarentena.Em
resposta a esta situação, a diretora-geral da Saúde veio lembrar que há
profissionais de saúde que se infetaram no seu contexto de vida do dia a
dia, fora dos ambientes hospitalares. Dois
dias depois, o secretário de Estado da Saúde disse que os dados
disponíveis, quando havia 331 casos confirmados, existiam cerca de 30
profissionais de saúde infetados, sendo 18 médicos.