Ordem dos Enfermeiros "seriamente preocupada" com situação nos Açores
Covid-19
19 de nov. de 2020, 16:37
— Lusa/AO Online
“Sem
dúvida que estamos seriamente preocupados e também porque já percebemos
que há contágios em profissionais de saúde e nos Açores os recursos são
muito limitados. Essa é uma das nossas grandes preocupações”, afirmou à
agência Lusa o presidente do conselho diretivo regional da Ordem dos
Enfermeiros dos Açores, Pedro Soares.“Com
o aumento que tem acontecido, principalmente nos últimos dias de
contágio na população, aumenta também, e de forma considerável, a
preocupação ao nível da Ordem dos Enfermeiros”, sublinhou Pedro Soares,
que considera necessária "uma reação rápida" no sentido de mitigar o
impacto desta segunda vaga de novas infeções, tendo como foco os utentes
covid-19, assim como os "não-covid".A
Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros divulgou esta quinta-feira um
documento com a sua visão para "uma atuação imediata, com vista a um
controlo e gestão da saúde nos Açores" no contexto da pandemia,
propostas que ao longo dos próximos dias irá fazer chegar ao novo
Governo Regional e parceiros políticos.Para
o presidente da Ordem dos Enfermeiros dos Açores, “é fundamental
responder à emergência da pandemia covid-19 no imediato, garantir o
acesso à saúde às pessoas com outras doenças e preparar o inverno e a
primavera de 2021", o que "não foi preparado em tempo útil". "Na
região, em termos de enfermagem, estamos nos mínimos e um enfermeiro
contagiado é um enfermeiro a menos neste combate que tem de ser feito",
alerta Pedro Soares, reiterando "a urgência de uma operacionalização
estratégica e assertiva no imediato, tendo em conta que as medidas
implementadas atualmente revelam necessidade de reprogramação" para que a
região "deixe de enfrentar um dos piores períodos de saúde pública da
sua história"."Aquilo que nos chega por
parte dos colegas no terreno é que a situação nos Açores está complicada
e urge que toda a nossa população perceba que grande parte deste
combate também está nas mãos da nossa população", alertou.O
documento publicado pela Ordem dos Enfermeiros nos Açores
apresenta propostas estruturadas em três pilares fundamentais: a gestão
de recursos humanos, a responsabilização social e a coordenação efetiva.
No que diz respeito à gestão de recursos
humanos, o plano foca-se "no objetivo de garantir que a atividade
assistencial ao doente covid é garantida, ao mesmo tempo que os
circuitos não-covid são minimamente mantidos".Na
vertente de responsabilização social, são defendidas "estratégias de
comunicação que promovam a adesão voluntária da população à
implementação de várias medidas, nomeadamente distanciamento físico, uso
de máscaras, entre outras".Quanto à
coordenação efetiva, pretende-se "garantir um posicionamento ativo e
estratégico no terreno, promovendo a coordenação e partilha interpares,
com ênfase no tempo de decisão e atuação". O
documento defende um "reforço a nível dos centros de testagem", tendo
em conta "o desgaste muito grande" das equipas que atualmente estão
naquelas estruturas, referiu Pedro Soares.Há
também uma necessidade de "aumentar a capacidade da Linha de Saúde
Açores" e "garantir o acompanhamento aos lares dos idosos", segundo o
mesmo documento, que propõe a criação de um gabinete regional de crise.Pedro
Soares adiantou ainda que "oficialmente a Ordem nunca" recebeu
informações das autoridades de saúde regionais sobre o número de
enfermeiros infetados, mas segundo dados "que chegam do terreno existem
dois enfermeiros para já infetados e pelo menos sete" daqueles
profissionais de saúde estão "em isolamento" na região.