Ordem dos Enfermeiros nos Açores diz que fecho de concelhos já não é eficaz
Covid-19
6 de jan. de 2021, 16:18
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, Pedro Soares admitiu que a Ordem dos
Enfermeiros nos Açores vê a evolução da situação epidemiológica “com
alguma preocupação, principalmente a nível da ilha de São Miguel”, e diz
aguardar “com expectativa, no sentido de perceber quais são as novas
medidas” que poderão sair do Conselho de Governo, que se reúne esta
tarde para avaliar o aumento dos casos na região.Sobre
as possíveis regras a adotar, o responsável partilha a opinião da
Autoridade Regional de Saúde de que “fechar os concelhos já pouco será
eficaz”.“Na nossa opinião, passa muito
pela ainda maior capacitação da população naquilo que é a informação
sobre os nossos comportamentos. Penso que, neste momento, este aumento
tem a ver com os comportamentos que houve durante a época natalícia. A
nossa população pode não ter cumprido à risca as indicações que foram
dadas”, concretiza.O presidente da secção
regional da Ordem sublinha ainda que a solução passa por continuar “a
testagem em termos de várias populações afetadas e passa, sem dúvida,
por uma vacinação eficaz e cada vez mais, não só nos lares, mas no resto
da população açoriana”.Até agora, a
campanha de vacinação para a covid-19 “está a correr de uma forma
eficaz, de uma forma rápida”, garante, mas lamenta “que o número de
vacinas disponibilizado à região seja aquele que foi”.O
arquipélago recebeu 9.750 doses, fornecidas diretamente pela
Pfizer-BioNTtech, que correspondem a 2% do total de cada fornecimento ao
território nacional. A primeira fase de vacinação arrancou, na passada
quinta-feira, nas ilhas da Terceira e São Miguel, “por serem aquelas que
revelam transmissão comunitária”, explicou a secretaria regional da
Saúde e Desporto dos Açores, na semana passada.Para
a Ordem dos Enfermeiros, “o cenário ideal seria um número de vacinas
que correspondesse também à capacidade de administrar” existente nos
Açores, mas “um dos grandes problemas tem a ver com não haver informação
da quantidade de vacinas que vão ser distribuídas à região nas próximas
levas de vacinação”, o que “causa um problema em termos de
planeamento”.“O plano de vacinação
[regional] foi bem pensado”, considera o responsável, já que “está, de
certa forma, desenhado para, se for necessário, ser alterado nos
próximos tempos”.Pedro Soares lembra que
os enfermeiros da região, “além de terem de fazer as testagens, têm de
ter ainda a disponibilidade para fazer a administração das vacinas”, o
que significa um aumento do trabalho “com o mesmo número de recursos
humanos”.A falta de profissionais é uma
reivindicação antiga da Ordem dos Enfermeiros, mas, neste momento, “cria
uma dificuldade acrescida”, porque não há “enfermeiros para ir buscar a
mais lado nenhum”.“Aquilo que está a
acontecer é que estamos a tentar reorganizar dentro das próprias
instituições, de forma a que tenhamos o tempo das testagens e o tempo da
administração das vacinas”, explica.Outra
solução passa pela criação de uma bolsa de enfermeiros, que permita
requisitar profissionais que não trabalhem no Serviço Regional de Saúde,
uma proposta que já tinha sido avançada, mas que não tinha sido aceite,
lembra Pedro Soares.“A grande diferença
(…) para agora é que, enquanto em abril havia uma bolsa preparada para
todas as ilhas e não houve grande abertura por parte da tutela para a
sua utilização, neste momento, as coisas mudaram nesse aspeto. Nós temos
um levantamento, e continuamos a fazer esse levantamento, de melhoria
da bolsa de enfermeiros, e há uma abertura por parte da tutela de que
esses enfermeiros serão necessários e provavelmente vão ser utilizados. É
a forma como uma região com recursos limitados, como vínhamos alertando
nos últimos meses tem de agir, porque não há outra forma”.Depois
de se registarem, nas últimas 24 horas, 70 novas infeções pelo novo
coronavírus, a região conta agora 500 casos positivos ativos na região,
sendo 452 em São Miguel, 38 na Terceira, um no Pico, dois em São Jorge,
três nas Flores e quatro no Faial.