Ordem dos Enfermeiros dos Açores alerta para falta de material
Covid-19
17 de mar. de 2020, 16:19
— Lusa/AO Online
O presidente da Secção
Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, adiantou à
agência Lusa que, desde segunda-feira, os enfermeiros da região fazem
chegar "denúncias, de praticamente toda a parte, em que a racionalização
[de equipamentos de proteção individual (EPI)] está a ser feita de
forma irrefletida".Foi "garantido pela
tutela que existe quantidade razoável, mas que tem de ser
racionalizada", explicou o enfermeiro, acrescentando que os relatos que
têm chegado dão conta de "enfermeiros, em algumas instituições, que
recebem uma máscara no início de turno, e essa máscara tem de dar para o
dia todo, quando, pelas indicações do fabricante, a máscara só garante
quatro horas de proteção".Há falhas a
nível de EPI no Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada,
"principalmente no Serviço de Urgência, na Unidade de Cuidados
Intensivos e na Obstetrícia", nas Unidades de Saúde de Ilha da Terceira e
do Faial falta "material adequado para fazer colheitas nos domicílios"
e, no Hospital do Santo Espírito, em Angra do Heroísmo, "o serviço de
referência não tem duche" para enfermeiros em fim de turno, indicou."Já
fizemos alertas à secretária [Regional da Saúde]. Sabemos que a tutela
está a enviar todos os esforços para resolver esta situação", afirma
Pedro Soares.Depois de ter disponibilizado
55 enfermeiros para a Linha de Saúde dos Açores, através de uma
listagem entregue à tutela, a Ordem dos Enfermeiros prepara agora "nomes
de enfermeiros que têm disponibilidade para uma equipa de retaguarda,
para ter uma bolsa de enfermeiros, que, num cenário mais à frente, sejam
necessários no terreno", adiantou o presidente de secção regional.A
dispersão geográfica é "uma das razões da criação desta bolsa", já que
permite ter "uma equipa com uma dimensão considerável, que a qualquer
momento seja alocada no lugar em que seja mais precisa a nível dos
Açores", explicou.Depois de ter
apresentado uma série de medidas, que passam por garantir que os
profissionais de saúde têm acesso aos EPI adequados, promover espaços de
triagem fora dos hospitais, como em tendas de campanha, para doentes
suspeitos de estarem infetados pelo novo coronavírus, ou a implementação
de turnos de 12 horas e de horários com equipas fixas, Pedro Soares
avançou que a concelhia açoriana da Ordem dos Enfermeiros defende o
fecho dos aeroportos."Temos uma barreira
geográfica, uma barreira natural que nos pode ajudar a fechar os
aeroportos, sem dúvida que seria uma mais-valia imediata, no sentido de
colmatar algumas infeções cruzadas", considerou.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS)
elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do
que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.Nos
Açores, foi confirmado no domingo o primeiro caso positivo para a
Covid-19, uma mulher de 29 anos residente na ilha Terceira, que esteve
em Amesterdão, na Holanda, e em Felgueiras.