Ordem dos Enfermeiros diz que hospital modular nos Açores foi a melhor opção
4 de abr. de 2025, 16:44
— Lusa/AO Online
“Eu
confio continuamente e piamente nesta solução”, disse aquele
profissional de Saúde, ouvido hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito
ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), que terminou
esta sexta-feira uma ronda de audições a várias personalidades e
instituições, com vista a apurar as causas e as consequências dos
estragos provocados pelo fogo ocorrido a 4 de maio de 2024.Apesar
disso, Pedro Soares reconheceu que o hospital modular, que custou cerca
de 30 milhões de euros (mais do dobro do que o valor inicialmente
previsto pelo Governo dos Açores), vai continuar a necessitar de alguns
aperfeiçoamentos, ao longo do tempo.“Eu
considero, pessoalmente, que o hospital modular tem as condições base
que nós necessitamos neste momento. Agora, é preciso que nós tenhamos
todos a noção, e isso tem vindo a acontecer nos últimos tempos, de que
são precisos alguns ajustes aqui e ali”, admitiu o presidente da Secção
Regional da Ordem dos Enfermeiros.A opção
do executivo regional de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), pela construção
de um hospital modular, tem gerado grande controvérsia nos Açores, uma
vez que alguns partidos políticos, e também alguns antigos
administradores hospitalares, defendem que o dinheiro aplicado neste
investimento devia ter sido usado na recuperação do HDES.Os
deputados da CPI questionaram Pedro Soares sobre se a Ordem dos
Enfermeiros tinha emitido um parecer positivo à solução do hospital
modular, como tinha sido anunciado pelo presidente do Governo dos
Açores, o social-democrata José Manuel Bolieiro, mas aquele responsável
fala apenas em “pronúncia”.“Uma coisa é um
parecer, outra coisa é uma pronúncia. Aquilo que nós fizemos foi emitir
pronúncias sobre a hospitalização modular e sobre o incêndio no HDES.
Essas pronúncias, muitas vezes, foram feitas em reuniões, dada a
velocidades dos acontecimentos”, justificou Pedro Soares.Os
partidos da oposição (PS e BE), tentaram, durante a audição
parlamentar, explorar a alegada contradição do Governo, sobre o parecer
emitido pelos profissionais de saúde à solução do hospital modular,
aproveitando também a audição, esta semana, do presidente da Ordem dos
Médicos nos Açores, Carlos Ponte, que disse concordar com a opção do
executivo, mas que também alega não ter dado qualquer parecer sobre o
assunto.O presidente da Secção Regional da
Ordem dos Enfermeiros afirmou, por outro lado, que o edifício principal
do Hospital de Ponta Delgada continua a não ter condições para receber
os doentes e critica os técnicos que defendiam uma intervenção rápida no
edifício, logo após a tragédia, para que as instalações pudessem
recuperar a sua normal atividade.“Dizer
que conseguíamos limpar as paredes, dar uma pintura e mudar uns fios, e
estávamos prontos para iniciar, eu acho que isto é brincar com a saúde e
com coisas sérias, que é a segurança dos nossos utentes”, insistiu
Pedro Soares, admitindo que não deu “credibilidade” ao estudo interno do
HDES, que admitia a possibilidade de o hospital reabrir em agosto do
ano passado, apenas três meses após o incêndio.O
responsável pela Ordem dos Enfermeiros nos Açores explicou ainda que as
escusas de responsabilidade apresentadas por vários enfermeiros do
HDES, alegando falta de condições no serviço de urgência (ainda antes do
incêndio), diminuíram, entretanto, mas que algumas delas ainda
persistem no hospital modular, por falta de recursos humanos.