Ordem dos Enfermeiros alerta Governo para falta de segurança de viaturas do INEM
12 de jan. de 2023, 18:29
— Lusa/AO Online
“São carros que não oferecem
segurança nenhuma. Muitas vezes estão prontos para operar com a equipa
com um médico e um enfermeiro e depois, quando se vai pegar no carro,
estão inoperacionais precisamente porque não têm condições”, adiantou à
Lusa a bastonária da OE.Esta foi umas das
preocupações que Ana Rita Cavaco manifestou à secretária de Estado
da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, numa reunião sobre os
“constrangimentos” do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).A
bastonária deu o exemplo da VMER do Hospital de São José que, em 09 de
janeiro, tinha mais de 450 mil quilómetros, assim como de um enfermeiro
que hoje “ficou com o manípulo das mudanças na mão” quando estava a
conduzir uma dessas viaturas.As VMER
destinam-se ao transporte rápido de uma equipa médica diretamente ao
local onde se encontra o doente e são compostas por uma equipa
constituída por um médico e um enfermeiro com equipamento de suporte
avançado de vida.Ana Rita Cavaco adiantou
ainda que o estado em que se encontram estas viaturas coloca em risco a
“segurança da equipa e o socorro às pessoas”, uma situação que se
estende também às ambulâncias de suporte imediato de vida (SIV), cuja
equipa é composta por um enfermeiro e um técnico de emergência
pré-hospitalar.Segundo a ordem, desde 2009
que o INEM “não emite nenhuma orientação técnica” sobre a composição da
chamada carga das VMER (equipamentos e medicamentos), o que “não é
admissível e já levou a vários pedidos de escusa de responsabilidade de
enfermeiros”.“São coisas que põem em causa
o socorro às pessoas no dia-a-dia. São com esses constrangimentos que
lidamos há muito tempo”, salientou Ana Rita Cavaco.A
bastonária alertou também que protocolos de atuação das ambulâncias
SIV, que não eram revistos desde 2013, foram atualizados há cerca de um
ano, mas “estão na gaveta” desde então.“Num
contexto de emergência ou de urgência, são definidos determinados
protocolos de atuação, porque estamos a falar de situações de risco de
vida e que se tem de se atuar imediatamente”, explicou.Ana
Rita Cavaco lamentou ainda que, há alguns anos, “tenham sido retirados
os enfermeiros” dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), o
que significa que, na prática, o “INEM faz muito mais ativações do que
aquelas que deveria fazer, porque os meios estão mal direcionados”.“Isso
é um contrassenso, porque os enfermeiros fazem a triagem nos serviços
de urgência e na Saúde 24. Só não o fazem no INEM porque implementou um
sistema diferente, ao invés de usar a Triagem de Manchester”, sublinhou a
bastonária, para quem “é preciso uma nova forma de olhar para a gestão e
organização” do organismo responsável por coordenar o funcionamento o
Sistema Integrado de Emergência Médica em Portugal continental.