Ordem dos Advogados quer discurso de defesa dos direitos humanos nos Açores
28 de set. de 2017, 17:22
— Lusa/AO online
"Não
podemos deixar para o Estado ou para o Ministério da Justiça a
responsabilidade de questões vitais para a vida de uma parte dos
açorianos", disse Elias Pereira, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel,
após uma reunião com o líder do PSD/Açores, Duarte Freitas. O
advogado exigiu, face às "evoluções ténues" do novo estabelecimento
prisional de Ponta Delgada, que sejam apresentados factos, como a
assinatura da escritura do terreno, o projeto da construção e a data do
início da obra. "Tanto quanto sabemos haveria um terreno que ia
ser permutado ou que iria ser entregue pela região à República. Porque é
que isso não acontece? Aparentemente uma escritura é fácil de fazer e,
portanto, não percebemos se são questões formais que o impedem, se é uma
questão de fundo política mais grave que é falta de orçamento para dar
sequência", afirmou. O presidente do Conselho Regional dos Açores
da Ordem dos Advogados insistiu, por outro lado, na necessidade de ser
construído na região um centro tutelar educativo que evite a deslocação
de jovens do arquipélago para o continente para cumprirem a medida de
internamento. "Há necessidade dos jovens a quem sejam aplicadas medidas tutelares cumprirem a pena nos Açores",
declarou, acusando o Estado de, embora reconhecer que "há interesse
público nessa construção", de a adiar "por falta de recursos". Elias
Pereira denunciou ainda que existem açorianos de ilhas onde "não há
cartório notarial" que são obrigados a viajar para outras ilhas para
resolverem problemas de "partilhas em caso de divórcio ou herança". Já o presidente do PSD/Açores tornou a questionar por que razões o protocolo de cedência do terreno para a nova cadeia ainda não foi assinado. "Esperamos
que se possa verificar em breve [o protocolo]. Não se conhecem os
contornos daquilo que está a ser preparado em termos de projeto, mas
sabe-se desde já que o número anunciado de 400 reclusos [de capacidade]
não é suficiente para o novo estabelecimento prisional de Ponta
Delgada", referiu Duarte Freitas, notando que são 600 os reclusos
açorianos a cumprir pena na região e no continente. O líder do PSD/Açores considerou, por outro lado, que a cadeia de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, a mais recente dos Açores, é um "mistério" na "sua dimensão" e "prioridade". Em
agosto do ano passado, o provedor de Justiça, José de Faria Costa,
alertou para a "grave situação de sobrelotação" da cadeia de Ponta
Delgada, considerando que, no limite, é "a vida dos reclusos que pode
estar em causa".