Ordem condena agressões a médicos e pede intervenção urgente das autoridades
7 de jan. de 2020, 11:49
— Lusa/AO Online
Num comunicado
divulgado no dia em que os ministros da Administração Interna, Eduardo
Cabrita, e da Saúde, Marta Temido, se reúnem para analisar os recentes
episódios de violência contra profissionais de saúde e estudar novas
medidas de segurança, a OM considera “crítico e urgente” que exista uma
intervenção mais assertiva das autoridades judiciais nestes casos. “É
crítico e urgente que exista uma intervenção mais assertiva das
autoridades judiciais nestes casos e que o Ministério da Saúde tenha uma
intervenção imediata, com medidas e políticas concretas que permitam
prevenir este tipo de situações e devolver aos profissionais e aos
utentes um SNS em que o respeito, a confiança, a segurança e a qualidade
imperem em todas as suas vertentes”, sublinha.A
OM diz que tem alertado que os casos de violência contra profissionais
de saúde estão a aumentar e lamenta que “este crescimento exponencial da
violência seja um sinal de que o SNS não está bem, elevando-se o clima
de conflitualidade institucional que não dignifica nem beneficia
ninguém”.Considera que este aumento dos
atos de violência contra os médicos resulta “em taxas cada vez mais
elevadas de abandono, de absentismo, de sofrimento ético, de ‘burnout’ e
de violência física e psicológica”.“Os
médicos têm vindo a ser constantemente menosprezados e agredidos de
forma reiterada, o que conduz a uma revolta sem precedentes e de
consequências imprevisíveis”, afirma a OM, que se diz disponível para
ajudar o Ministério da Saúde a “reconstruir o Serviço Nacional de Saúde e
a valorizar os profissionais de saúde”.No
comunicado, a OM manifesta-se totalmente solidária com todos os colegas
vítimas de agressão e recorda a criação, em 2019, do Gabinete Nacional
de Apoio ao Médico, que diz ser “mais uma resposta aos médicos vítimas
de violência física, psicológica ou ‘burnout’ e que complementa o seguro
que a Ordem já disponibilizava neste tipo de situações”.Diz
ainda que “nunca aceitará que os médicos sejam submetidos ao
utilitarismo humilhante que o Ministério da Saúde quer implementar em
Portugal” e que vai dar todo o apoio aos médicos vítimas de agressão e
exigir medidas preventivas e protetivas às autoridades competentes.“Complementarmente,
vai advertir todos os médicos que não devem trabalhar sem as condições
adequadas, designadamente aquelas que não garantem segurança clínica e
segurança física”, acrescenta.A reunião
entre os dois ministros vai decorrer no Ministério da Administração
Interna (MAI) e servirá, segundo uma nota conjunta, “para analisar os
episódios recentes e estudar novas medidas para garantir a melhoria da
segurança de todos os profissionais que trabalham nas unidades de
saúde”. De acordo com dados do Governo
divulgados na segunda-feira, quase 1.000 casos de violência contra
profissionais de saúde no local de trabalho foram reportados até ao
final de setembro de 2019.Os dados
disponíveis indicam que nos primeiros nove meses de 2019 foram
reportados 995 casos na plataforma criada pela Direção-Geral da Saúde
(DGS), envolvendo vários grupos profissionais, segundo um comunicado
conjunto dos ministérios da Administração Interna e da Saúde divulgado
na segunda-feira. Em 2018, foram
comunicados 953 casos, refere o comunicado, adiantando que “as injúrias
são o principal tipo de notificação, representando cerca de 80% do
total”.