Orçamento total para combate a violência doméstica é de 20,3 ME
OE2020
24 de jan. de 2020, 12:56
— Lusa/AO Online
Na sua
intervenção inicial, no debate na especialidade do Orçamento do
Estado para 2020 (OE2020) no parlamento deste setor governamental, a
ministra que tutela a pasta, Mariana Vieira da Silva, sublinhou o
reforço orçamental na prevenção e combate à violência doméstica nos
últimos anos, referindo que os 20,3 milhões de euros representam um
crescimento de 25% desde 2017.Ao longo do
debate a ministra referiu ainda algumas das medidas
previstas, como 3.500 equipamentos de teleassistência para vítimas, um
conjunto de meios técnicos que asseguram uma forma específica de
proteção, integrando respostas que vão do apoio psicossocial à proteção
policial, por um período não superior a seis meses, a menos que isso
seja considerado necessário, e que pretende também diminuir o risco de
agressões reincidentes.No entanto, da
esquerda à direita, os deputados questionaram a suficiência das medidas
previstas, tendo a deputada social-democrata Mónica Quintela lembrado a
premência do tema na sociedade portuguesa, que considerou “violência
doméstica” a palavra/expressão do ano de 2019.Bloco
de Esquerda e CDS-PP questionaram a ministra sobre a intenção do
Governo, liderado pelo socialista António Costa, de promover uma maior
conciliação entre tribunais criminais e tribunais de família e menores –
tendo Mariana Vieira da Silva respondido que a consulta pública deste
processo terminou recentemente, em 16 de janeiro – e o PCP pedido “mais
trabalho” com agressores, considerando-o fundamental para evitar
reincidência nas queixas.A ministra
adiantou que existem já 1.674 agressores integrados no programa de
trabalho específico para este público-alvo, dos quais 33 em contexto
prisional. O total de agressores neste programa é, na opinião da
ministra, “muito significativo”, ainda que o objetivo seja aumentá-lo.O
CDS-PP, pela voz de Ana Rita Bessa, questionou a eficiência da
dispersão de verbas de áreas tuteladas pelo ministério de Vieira da
Silva por outros e leu partes da lei orgânica do Governo para
exemplificar a quantidade de ministérios com que a ministra de Estado e
da Presidência partilha trabalho para questionar se será esta a melhor
forma de trabalhar, afirmando ainda que “não é fácil de escrutinar”.Na
resposta, a ministra referiu que a violência doméstica precisa de “uma
resposta diversificada” e que isso explica que esta área, como outras,
estejam na tutela do seu ministério, o qual já tem a incumbência de
promover a coordenação política do Governo.Respondeu
ainda que é possível consultar a execução de algumas medidas de forma
interministerial, consultando o esforço de cada ministério na sua
execução, mesmo admitindo que há ainda trabalho a fazer para tornar a
informação mais transparente.Sobre
violência doméstica, a ministra adiantou que o Governo está a trabalhar
na criação da base de dados com dados oficiais, ressalvando que é um
trabalho “complexo” que envolve a integração de informação de diferentes
bases de dados.O deputado da Iniciativa
Liberal, João Cotrim de Figueiredo, que também questionou o resultado do
investimento na prevenção da violência doméstica face aos números
persistentes de homicídios e de vítimas de agressão, inclusivamente em
casos sinalizados, quis saber se a ministra tinha pedido ao Instituto
Nacional de Estatística (INE), na sua tutela, a justificação para ter
alterado metodologias de trabalho que resultaram numa “subida milagrosa”
do produto interno bruto.“Não pedi e a
razão é o INE ser autoridade estatística nacional. O INE é completamente
independente do Governo. Sei sobre isso exatamente o que o senhor
deputado sabe sobre essa matéria. Não perguntei, não vou perguntar e se
perguntasse o INE dizia que não responderia. E muito bem”, disse a
ministra.Sobre o programa “3 em Linha”,
uma iniciativa do executivo que pretende promover a conciliação entre
vida familiar, pessoal e profissional, Mariana Vieira da Silva
afirmou-se satisfeita com o seu nível de execução, com 20 das suas 33
medidas já executadas, dando o exemplo do alargamento da licença de
parentalidade que vai ser aplicado com a entrada em vigor do OE2020 ou a
licença para faltar ao trabalho e acompanhar os filhos à escola no seu
primeiro dia de aulas.A governante
desvalorizou as críticas dos deputados sobre o facto de o Governo ter já
decidido, como anunciou Vieira da Silva, a revisão dos objetivos do
programa de forma mais ambiciosa, sem qualquer avaliação à sua execução,
e acrescentou que essa é uma prerrogativa do executivo, que pode
decidir renovar o programa e acrescentar novas medidas.A
ministra disse também que a medida dos Orçamentos com Impacto de
Género, lançada em 2018 em modelo piloto no Estado, recebeu em 2019 um
total de 165 respostas de entidades públicas, que estão agora a ser
analisadas para tornar possível a generalização da medida, reconhecendo
que também nesta área há muito trabalho ainda a ser feito.O objetivo da medida é fornecer informação que conduza a políticas públicas que permitam promover a igualdade de género.Sobre
migrações, o Governo destacou o trabalho que está a ser feito em
conjunto com o Ministério da Educação na criação de cursos de português a
pensar na integração dos imigrantes e nos refugiados e que o executivo
quer ver alargados a uma área territorial mais alargada no país.