Autor: Lusa/AO Online
No plenário da Assembleia Legislativa Regional, na Horta, ilha do Faial, o parlamentar do PPM, Paulo Estêvão, declarou que “discorda profundamente” das subvenções vitalícias e da “despesa enorme que significa”, que classificou como “imoral e ilegítima”.
André Bradford, líder parlamentar do PS, partido que tem a maioria na Assembleia Legislativa Regional, considerou que o protesto que Paulo Estêvão quer vincar é contra “o Tribunal Constitucional, que considerou direitos adquiridos essas subvenções”.
O deputado acusou ainda Paulo Estêvão de fazer um discurso “altamente lesivo da atividade parlamentar, da imagem desta casa e do esforço” que todos fazem “para dignificar a atividade politica”.
“Oxalá esta tenha sido a última vez que vossa excelência aproveitou para fazer demagogia com esta história. E a demagogia é tanto maior quando é representante de um sistema de governo que é vitalício por natureza. É que no seu sistema de governo uma pessoa é rei e é rei para toda a vida, privilégio maior do que esse eu não conheço”, afirmou André Bradford, dirigindo-se ao deputado do Partido Popular Monárquico.
Paulo Estêvão retorquiu que para André Bradford “estar contra os privilégios da classe política é ser demagogo”, acrescentando: “O que eu acho que é demagogo e que ataca a democracia são os privilégios dos políticos e os privilégios de alguns que até são bem remunerados em relação a todos os outros”.
Não questionando a decisão do Tribunal Constitucional, com a qual não concorda, o líder parlamentar do CDS-PP, Artur Lima, destacou que seria “útil para todos”, para ser “um processo transparente”, que no orçamento estivesse descriminado o que se paga em subvenções, mas tal não sucede.
A proposta de orçamento da Assembleia Legislativa dos Açores teve esta semana parecer positivo na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho.
Segundo a proposta, o orçamento é superior em cerca de três por cento face ao do corrente ano, na ordem dos 12,2 milhões de euros.
Ouvida em sede de comissão, a presidente da Assembleia Legislativa Regional, Ana Luís, justificou o aumento das despesas com pessoal tendo em consideração “o aumento do salário mínimo e o provimento de lugares no quadro de pessoal” e nas subvenções vitalícias, de dois milhões euros, trata-se do pagamento dos retroativos destas.
Em 2016, a Caixa Geral de Aposentações informou o parlamento dos Açores de que havia "mais de 50 antigos deputados" que têm direito a beneficiar destes subsídios, que tinham sido cortados pelo Governo liderado por Passos Coelho.
As subvenções dos ex-titulares de cargos políticos eram um dos direitos dos deputados, em todo o país, após terminarem a sua atividade política.
O executivo de Passos Coelho decidiu, no entanto, como medida de austeridade, fazer depender a atribuição das subvenções dos rendimentos de cada deputado, o que fez com que muitos deles tivessem deixado de ter direito ao subsídio.
Um grupo de
parlamentares na Assembleia da República pediu ao Tribunal
Constitucional a fiscalização das normas do Orçamento do Estado para
2015 sobre as subvenções vitalícias de ex-titulares de cargos políticos,
tendo aquela instância decidido que os parlamentares têm direito não
apenas a manter as subvenções, como a recebê-las também com efeitos
retroativos.