Orçamento da UE centra encontro hoje dos primeiros-ministros húngaro e polaco
26 de nov. de 2020, 12:24
— Lusa/AO Online
A
reunião surge depois de, na semana passada, ambos os países terem vetado
quer o orçamento plurianual quer o plano de relançamento na UE,
condicionando a respetiva aprovação ao fim do mecanismo que os prova dos
fundos no caso de violações aos Estado de Direito, como, entre outros, a
justiça independente e políticas anticorrupção.No
entanto, numa entrevista publicada quarta-feira no diário alemão Die
Zeit, o primeiro-ministro húngaro propôs remeter para mais tarde as
discussões sobre o Estado de Direito e aprovar “rapidamente o dinheiro”
aos países afetados pela pandemia do novo coronavírus, razão do encontro
com o homólogo polaco.“Os países mais
afetados precisam urgentemente do dinheiro. Deem-lhes esse dinheiro.
Outros países desejam novas regras para o Estado de Direito. Muito bem,
vamos discutir isso. A primeira é aprovar o dinheiro. A segunda é menos
urgente e pode ser discutida dentro de alguns meses”, declarou Órban.Quarta-feira,
a Polónia, através do porta-voz do Governo, Piotr Muller, limitou-se a
indicar que o encontro com Órban abordará essencialmente “as negociações
orçamentais em curso” com a UE.Varsóvia
vê neste dispositivo de condicionar os fundos europeus ao Estado de
Direito “uma luta ideológica contra os “valores” polacos, enquanto
Budapeste teme ser sancionada pela sua política "contra as migrações".Órban,
na entrevista ao Die Zeit, acusou a Alemanha, país que exerce no atual
semestre a presidência rotativa dos 27, de ser a “responsável” pelo
impasse e de ter feito uma “modificação insidiosa do contrato” sem que
disso tenha dado conhecimento aos dois países.“O
comboio dos alemães está a acelerar e pretende descarrilar-nos”,
afirmou Órban, acrescentando ter alertado a chanceler alemã, Angela
Merkel, que não poderia aceitar a nova situação. “O que me está a pedir, Angela, é o suicídio”, afirmou.Bruxelas,
por seu lado, estimou quarta-feira que o plano de relançamento
económico, de 750.000 milhões de euros, elaborado pelos 27 em julho,
“ilustra a solidariedade” europeia.“Os
vetos da Hungria e da Polónia são simplesmente irresponsáveis”,
denunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen,
perante os eurodeputados.