Orçamento da Madeira devia ser aprovado antes de se "brincar aos partidos"
11 de nov. de 2024, 17:06
— Lusa/AO Online
“Eu
acho que moção de censura não tem sentido nenhum, mas se querem brincar
aos partidos políticos brinquem mais à frente, deixem aprovar o
Orçamento, que isso toca no bolso de toda a gente”, declarou Miguel
Albuquerque. O presidente do executivo
minoritário do PSD falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura
da VIII edição do Curso Intensivo de Segurança e Defesa (CISEDE) na
região, que decorreu no salão nobre do Governo Regional, no Funchal.“Eu
estou muito preocupado e acho que neste momento a maioria dos
madeirenses e porto-santenses está preocupada com a potencial paralisia
do Governo, numa situação quem vem prejudicar toda a gente”, salientou. Miguel
Albuquerque apontou que, se o orçamento não for aprovado, há um
conjunto de compromissos que já estavam definidos que ficarão
“estagnados”, como as reduções previstas em sede de IRS, a revisão de
carreiras e obras como a construção do novo hospital. “Tudo
isto vai paralisar, portanto isto é uma situação de absoluta
irresponsabilidade, não há nenhum fundamento para pormos os madeirenses
novamente prejudicados com uma situação destas. Tínhamos de aprovar o
Orçamento e depois brincar aos partidos”, reforçou.“Eu
acho que os partidos têm de ser responsáveis. […] Isto não é um
brincadeira de partidos agora, as eleições ocorreram há menos de seis
meses, não foi há seis anos”, acrescentou.Na
quarta-feira, o presidente e líder parlamentar do Chega/Madeira, Miguel
Castro, anunciou em conferência de imprensa, que entregou no parlamento
madeirense uma moção de censura ao Governo Regional.Miguel
Castro justificou a decisão com as investigações judiciais que estão a
ser feitas ao presidente do executivo, Miguel Albuquerque, e a quatro
secretários regionais, tendo todos sido constituídos arguidos.“Achamos
que neste momento o governo liderado por Miguel Albuquerque e Miguel
Albuquerque não têm condições para liderar a Região Autónoma da
Madeira”, referiu o líder regional do Chega, admitindo retirar a moção
se for apresentada uma outra solução para o executivo.Miguel
Albuquerque foi constituído arguido no final de janeiro num inquérito
que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder e prevaricação,
entre outros. Em causa estão alegados favorecimentos de empresários pelo
poder público, em troca de contrapartidas.O
social-democrata, líder do Governo Regional desde 2015, acabou por se
demitir - depois de o PAN retirar o apoio que permitia à coligação
PSD/CDS-PP governar com maioria absoluta -, mas venceu as eleições
antecipadas de maio.Num acordo
pós-eleitoral, PSD (com 19 eleitos) e CDS-PP (dois) não conseguiram os
24 assentos necessários a uma maioria absoluta, tendo a abstenção de
três deputados do Chega permitido a aprovação do Orçamento da Madeira
para 2024.Os sociais-democratas deixaram
de ter, pela primeira vez em tempo de democracia e autonomia, maioria
absoluta na Assembleia Legislativa da Região Autónoma.O
parlamento regional é composto por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove
do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.Entretanto,
em setembro, os secretários regionais das Finanças (Rogério Gouveia),
Saúde e Proteção Civil (Pedro Ramos) e Equipamentos e Infraestruturas
(Pedro Fino), foram constituídos arguidos, no âmbito da operação “AB
INITIO”, sobre suspeitas de criminalidade económica e financeira.
Na semana passada foi conhecido um outro processo que envolve o
secretário da Economia, Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, também
constituído arguido.Miguel Albuquerque já
declarou publicamente que não se demite e que o PSD está pronto para
todos os cenários, incluindo o de novas eleições legislativas regionais
antecipadas.O PS e a IL já anunciaram que
vão votar a favor da moção de censura, enquanto JPP e PAN ainda vão
decidir junto das estruturas dos seus partidos.