Oposição pediu fim da maioria absoluta e PS lembrou combate à covid-19
Açores/Eleições
23 de out. de 2020, 11:30
— Lusa/AO Online
Desde 1996 no poder, o PS,
liderado por Vasco Cordeiro, que se recandidata a um terceiro e último
mandato, defendeu por diversas vezes na campanha eleitoral que o voto no
partido é o que garante um "rumo firme, sério e experiente" para a
região na superação da atual "tormenta" provocada pela pandemia de
covid-19. "A pior coisa que pode acontecer
é ter três ou quatro que querem agarrar no leme" e rumar em diferentes
sentidos, disse Vasco Cordeiro já na reta final da campanha, aludindo
aos partidos da oposição.Uma eventual
perda da maioria absoluta socialista foi tema recorrente dos partidos da
oposição, tendo inclusive o líder nacional do PSD, Rui Rio, reconhecido
que, a concretizar-se no domingo, poderia ser vista como uma "meia
vitória".Também o presidente do
PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, defendeu o projeto que encabeça como
"uma verdadeira alternativa” à governação socialista.Rui
Rio esteve alguns dias na região, mas os líderes do CDS-PP, Francisco
Rodrigues dos Santos, do Chega, André Ventura, e do PPM, Gonçalo da
Câmara Pereira, foram os dirigentes partidários máximos que mais
acompanharam os candidatos regionais durante a campanha, que termina na
sexta-feira.Naquela que foi a primeira
campanha eleitoral em período de covid-19 – uma espécie de 'tubo de
ensaio' para as presidenciais de janeiro e, eventualmente, as
autárquicas de 2021 -, foram diversas as diferenças face a momentos
passados: os jantares-comício foram praticamente inexistentes e os
contactos com o eleitorado dispensavam os tradicionais beijos e abraços,
por exemplo.O coordenador do BE, António
Lima, atacou também recorrentemente o PS de Vasco Cordeiro, dizendo que
este não tem ideias e tem como programa apenas “manter-se no poder”.“O
PS não tem programa para os Açores, além do programa de se manter no
poder e manter a maioria absoluta. Isso não é um programa que serve aos
Açores, que precisam de soluções para combater a precariedade, para
melhores transportes, de como recuperar a SATA – de que o PS não fala -,
como combater as listas de espera e o abandono escolar”, declarou o
candidato do BE/Açores por São Miguel e círculo de compensação.O
coordenador regional comunista, Marco Varela, pediu “mais votos e mais
mandatos” para a CDU nas legislativas - a coligação, que junta PCP e Os
Verdes, tem na ainda presente legislatura apenas um parlamentar eleito.“Das
eleições de 25 de outubro, há duas alterações essenciais que podem sair
– o reforço da CDU, em votos e mandatos, e o fim da maioria absoluta
que limita o debate democrático e recusa todas as propostas que são
apresentadas”, afirmou o dirigente comunista.Pelo
CDS, o líder regional, Artur Lima, advogou que o seu partido não
viabilizará governos após domingo, apenas compromissos eleitorais.“O
CDS não viabiliza governos de ninguém. O CDS viabiliza os seus
compromissos eleitorais. É isso que estamos a apresentar aos açorianos e
é isso que vamos exigir a quem for governo. Se for o CDS, tanto
melhor”, afirmou o candidato nos últimos dias oficiais de campanha.Paulo
Estêvão, líder regional do PPM, e deputado eleito pelo Corvo, pediu
mais votos no partido para que este forme um grupo parlamentar e aumente
as suas possibilidades de escrutinar na Assembleia Legislativa dos
Açores o próximo executivo regional.Dos
partidos sem assento parlamentar na atual legislatura, PAN, Aliança,
Iniciativa Liberal e Chega foram os mais ativos publicamente.O
Chega, por exemplo, afirmou-se confiante na eleição de mais do que um
deputado, ao passo que a Iniciativa Liberal, que concorre em São Miguel e
na Terceira, teceu críticas à gestão da pandemia: Nuno Barata, líder do
partido nos Açores, disse que "a incompetência" do executivo regional
se revelou "agora nestes últimos oito meses" de pandemia com situações
"inadmissíveis", apontando o caso de utentes que "vão fazer testes
covid-19 para realizarem exames médicos e ficam à chuva e ao vento à
espera” de entrar no hospital de Ponta Delgada.Pelo
PAN, o coordenador no arquipélago, Pedro Neves, advogou que o seu
partido representa "uma voz nova" que, se chegar ao parlamento regional,
pode abordar as "necessidades reais dos açorianos e não as necessidades
da bolha política".Já o Aliança, liderado
nos Açores por Paulo Silva, encerrou as ações de rua dois dias antes do
previsto, dizendo ter de dar o "exemplo" no combate à pandemia. O
partido, disse Mário Fernandes, candidato por São Miguel, assistiu "com
estupefação a atos de verdadeira irresponsabilidade política que
culminam, por exemplo, com visitas de líderes partidários vindos do
continente, na altura mais perigosa desta pandemia”.O
responsável político aludia à presença, por exemplo, de André Ventura
nos Açores, tendo o Chega realizado alguns jantares-comício na campanha
eleitoral. Apostando numa campanha
digital, incluindo ‘webinars’, o Livre admitiu ser possível eleger um
deputado no domingo, afirmando que as maiorias absolutas do PS são
"nefastas". Sem ações públicas
divulgadas, o MPT, que apresentou candidatos de fora da região, criticou
antes da campanha o “nepotismo” nas ilhas e o PCTP/MRPP lamentou a
perda de autonomia.A saúde, quer seja a
covid-19, quer, por exemplo, a fixação de médicos especialistas ou as
listas de espera, foi um dos temas mais presentes na campanha.Educação,
pobreza, a situação da transportadora açoriana SATA ou questões
referentes ao ambiente e turismo foram outros dos temas presentes nas
campanhas das diversas forças políticas.Ao
todo, são 13 as forças políticas que se candidatam aos 57 lugares da
Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM,
Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.