Oposição nos Açores lamenta dados, executivo fala em resultados "encorajadores"
12 de mar. de 2019, 17:58
— Lusa/AO Online
A Assembleia Legislativa, reunida esta semana
na Horta, debateu hoje, a pedido do PPM, os resultados das escolas
açorianas na tabela, divulgada recentemente, que avalia as escolas
nacionais.O deputado único do PPM, Paulo Estêvão, definiu os resultados como "inaceitáveis" para os Açores. "Estamos
na cauda do país em termos de resultados obtidos nos exames nacionais",
lamentou, acrescentando que "os sucessivos governos socialistas" na
região "não conseguem retirar" os Açores "da cauda nacional em termos de
sucesso educativo". "Não conseguem. A
ação política do atual secretário da Educação e Cultura constitui um
fracasso absoluto. Um desastre sem paliativos", prosseguiu Paulo
Estêvão.O governante com a tutela da
Educação, Avelino Meneses, reiterou que a estratégia governamental neste
setor assenta no ProSucesso – Açores pela Educação, que já demonstra
resultados “mensuráveis e encorajadores”.Os
'rankings', vincou o governante, devem ser vistos “com rigor e
responsabilidade”, sendo que os "progressos” na região não são visíveis
porque as provas do 9.º ano e os exames do ensino secundário “ainda não
refletem” as políticas do ProSucesso, que “só agora chegam
sistematicamente” ao 3.º ciclo do ensino básico.Pelo
PS, partido em maioria no parlamento açoriano e que governa a região, a
deputada Sónia Nicolau defendeu que a "diferença para a média nacional
está a ser encurtada" no que se refere aos resultados das escolas
açorianas.O maior partido da oposição, o
PSD, pelo deputado Jorge Jorge, defendeu ser importante "constatar que,
ao longo dos anos, os dados revelem uma Educação cada vez mais desigual,
assimétrica e a várias velocidades" na região. "Ou
seja, ao contrário de algumas críticas, os 'rankings' podem ser um
instrumento de denúncia da falta de equidade e da injustiça social de um
sistema educativo que engana muitos alunos com promessas de um ilusório
sucesso", sublinhou o parlamentar.Ainda
de acordo com o social-democrata, os resultados nos Açores não são culpa
de "falta de escolas" ou "falta de bons docentes", antes resultam da
falta do Governo Regional de garantir "às crianças e jovens dos Açores
as condições físicas e mentais necessárias para uma aprendizagem, para
uma valorização da educação".Ainda à
direita, o CDS-PP, pelo seu líder Artur Lima, reconheceu haver "mais
vida" além dos 'rankings', mas não deixou de demonstrar preocupação
pelos "consecutivos maus resultados obtidos” nos Açores. A
estabilidade do corpo docente foi defendida pelo centrista, para quem
"era preciso que os professores estivessem motivados" e que o executivo
regional "não lhes fizesse guerrilha permanente". "Era
preciso que os professores e os alunos tivessem condições nas escolas.
Era preciso combater a desmotivação e a tristeza que afetam a comunidade
educativa”, vincou ainda.O parlamentar do
PCP na Assembleia Legislativa dos Açores, João Paulo Corvelo, sustentou
que os "sucessivos governos do PS" na região têm "desvalorizado a
escola pública", e deve ser questionado, por exemplo, "por que há alunos
propostos para apoio, mas que não o têm".A
"sobrecarga" horária dos docentes foi também assinalada pelo comunista,
para quem não se deve usar o trabalho de alunos e docentes como "arma
de arremesso".O Bloco de Esquerda, pelo
deputado António Lima, diz ser necessário ver o sistema educativo como
"uma floresta", sendo os 'rankings' dos exames "uma árvore" que pode ser
analisada, mas não substitui a reflexão do sistema "no seu todo".O
parlamentar bloquista lamentou que as metas da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no que refere ao setor da
Educação, sejam uma "miragem para os Açores".