O parlamento
açoriano debate, a pedido do CDS, a situação dos transportes e
acessibilidades no arquipélago, com a SATA a dominar boa parte do debate
entre as várias forças políticas.Pelo
Governo dos Açores, tem falado no debate a secretária regional com a
tutela dos Transportes, Ana Cunha, e também a secretária com a tutela do
Turismo, Marta Guerreiro, tendo o deputado único do PPM, Paulo Estêvão,
criticado a ausência no hemiciclo do chefe do executivo - e líder do
PS/Açores -, Vasco Cordeiro."Vasco
Cordeiro está ausente enquanto anda a apresentar listas do PS nas várias
ilhas" com vista às próximas eleições nos Açores, marcadas para 25 de
outubro, disse Paulo Estêvão.O monárquico
sublinhou que a "situação de falência da SATA é anterior à covid-19" e
reiterou ainda outras preocupações específicas com a ilha do Corvo, por
onde foi eleito, nomeadamente o transporte marítimo de mercadorias e o
transporte de gado para fora da mais pequena ilha dos Açores."Todas
estas matérias não estão relacionadas com a covid, estão relacionadas
com a vossa incompetência", declarou, dirigindo-se ao executivo e ao PS.O
CDS, que agendou o debate, considerou hoje que o executivo regional,
socialista, "falhou nas políticas de acessibilidades e transportes",
deixando neste campo um legado de "impreparação, desorientação e, muitas
vezes, caos"."Os açorianos sabem que este
governo falhou nas políticas de acessibilidades e transportes. Este
governo e esta maioria não foram, em mais de 20 anos, capazes de
concretizar uma estratégia integrada de transportes que garantisse a
mobilidade dos açorianos e respondesse aos desafios da nossa economia.
Nos transportes e acessibilidades o legado deste governo foi, ao longo
dos anos, a impreparação, a desorientação e, muitas vezes, o caos",
declarou o líder centrista, Artur Lima.Já o
PSD, pelo deputado António Vasco Viveiros, advogou que "a desastrosa
situação financeira do grupo SATA no final de 2019, com um passivo de
465 milhões de euros" e "com capitais próprios negativos de 230 milhões
de euros", é "motivo de muita apreensão". "A
responsabilidade pelos resultados decorre, sobretudo, das opções
políticas de Vasco Cordeiro, que contam com sucessivos e graves erros.
Neste contexto de desastre financeiro, o governo não conseguiu adiar por
mais tempo o que todos sabiam há muito ser inevitável: um pedido de
autorização a Bruxelas para ajudas de estado", prosseguiu o parlamentar.À
esquerda, o líder do BE nos Açores, António Lima, voltou a defender que
"esconder o plano" de negócios da SATA "é um golpe na democracia", mais
a mais antes de eleições na região."Senhora
secretária, faça aquilo que é a sua obrigação e divulgue o plano. Se há
algo que os efeitos da pandemia vieram demonstrar é a importância de
termos um setor público com capacidade de resposta às necessidades de
cada momento. Isso também se reflete no transporte aéreo", sublinhou o
parlamentar. O PCP, pelo deputado único
João Paulo Corvelo, criticou por seu turno as "políticas de
esquecimento, desinteresse e desinvestimento nas ilhas pequenas" dos
Açores, que "têm consequências" como "a perda de população, nomeadamente
da população mais jovem e mais qualificada a que urge por termo".E
concretizou: "A política de desinvestimento, de não pagamento das
verbas devidas e de atirar a SATA para um buraco financeiro que permita
ao Governo vir sustentar junto da opinião pública que a SATA é
ingovernável enquanto empresa pública, e como tal apenas a sua
privatização pode tornar viável a empresa, é para nós, PCP, não só uma
política criminosa como conduzirá a breve trecho à ruína da SATA".O
PS, que apoia o executivo e tem maioria absoluta no parlamento dos
Açores, sublinhou que desde 2009 a SATA foi "30 vezes debatida" no
hemiciclo e já mereceu duas comissões de inquérito."A SATA nos últimos anos” é mais utilizada "como arma de arremesso político do que outra coisa qualquer", declarou José Ávila.Contudo, o socialista reconheceu a "situação complexa da empresa", na qual "nem tudo correu bem" recentemente."Mas
queremos que se reconheça que uma parte do que correu mal se deveu a
fatores externos à empresa", acrescentou Ávila, dando como exemplos as
oscilações do preço do petróleo, o impacto das greves, a crise das
dívidas soberanas ou a atual pandemia de covid-19.O
plenário do parlamento dos Açores está esta semana reunido pela última
vez antes das eleições regionais marcadas para 25 de outubro.