Oposição critica políticas na saúde e PS fala em teste "vencido com mérito"
8 de set. de 2020, 17:36
— Lusa/AO online
O parlamento dos Açores está a debater, a pedido do PSD, várias matérias relacionadas com o estado da saúde na região.Os
sociais-democratas, pela deputada Mónica Seidi, sublinharam que, entre
janeiro e agosto deste ano, a mortalidade excessiva na região foi de
5,3%, sendo que, sem os óbitos associados à covid-19, esse indicador se
situa nos 4%.De acordo com a deputada,
este indicador - estabelecido na comparação com a média em igual período
nos últimos seis anos - revela que é tempo de "reconhecer devidamente
todas as outras doenças não relacionadas com a atual pandemia", algumas
delas "tão ou mais letais".Os
profissionais de saúde "não podem ser tratados de forma desigual, quando
têm igual esforço e dedicação", acrescentou ainda Mónica Seidi,
lembrando conflitos públicos entre o executivo e quadros da enfermagem
ou técnicos de diagnóstico, por exemplo. No
mesmo sentido, o líder do CDS nos Açores, Artur Lima, sustentou que
"todos os profissionais de saúde estão em conflito com a tutela, mas,
mesmo desconsiderados, dão o seu melhor".O
problema neste setor, advoga o centrista, são os gestores colocados à
frente das instituições, formando "administrações políticas, sem
competência"."A escolha de gente
competente para gerir as unidades de saúde é fundamental. E é essa a
grande falha que não se conseguiu ultrapassar", prosseguiu, antes de
lamentar que a região não consiga "segurar dezenas e dezenas de jovens
quadros açorianos que querem ficar na sua terra" e conseguem inclusive
formar-se em especialidades médicas.O
deputado do Bloco de Esquerda (BE) Paulo Mendes defendeu que a pandemia
"veio criar um sentimento de unanimidade política sobre a necessidade de
se reforçar o investimento no Serviço Nacional e Regional de Saúde"."Na
saúde, assim como nas restantes áreas, não podemos limitar a avaliação
da ação governativa aos últimos cinco meses. Há que considerar toda uma
legislatura que veio na continuidade de uma ação governativa de duas
décadas marcada por uma opção política e, por isso, ideológica, que tem
vindo a consolidar a aplicação de princípios neoliberais", defendeu o
bloquista.Paulo Mendes lembrou ainda a
proximidade de eleições na região - marcadas para 25 de outubro - para
dizer que "ninguém fora do círculo de 'boys' e 'girls' do PS é capaz de
dar a cara por estas políticas", nem mesmo nos cartazes de promoção
política.Já o PCP, pelo seu deputado
único, João Paulo Corvelo, é da opinião que a covid-19 pôs "a descoberto
a fragilidade do Serviço Regional de Saúde" e "os problemas na área da
saúde nos Açores agravaram-se, avolumaram-se e pioraram".O
comunista elencou o aumento de tempos de espera para cirurgias,
consultas na especialista e o agravar de carências em recursos médicos
nos três hospitais da região como exemplos desses problemas.E
prosseguiu: "Melhor, bem melhor está a prática da medicina privada na
região. Não para de florescer e prosperar. Face à não resposta do
Serviço Regional de Saúde, resta aos açorianos o recurso à saúde
privada. Temos uma saúde para ricos, outra para pobres e muitas vezes
com as pessoas a gastarem os últimos tostões ou a pedir emprestado".Já
o PPM, pelo também deputado único, Paulo Estêvão, abordou também a
proximidade eleitoral, valorizando a integração de diversos médicos em
"lugares elegíveis" nas suas listas ao parlamento açoriano."O
PS desvaloriza o parlamento excluindo médicos das suas listas",
acrescentou o parlamentar, lamentando que no maior partido da oposição, o
PSD, a situação seja semelhante.Pelo PS, o
deputado José San-Bento disse que a covid-19 obrigou a um "gigantesco
desafio ao nível organizacional e operacional", e as intervenções da
oposição foram, nesse sentido, "desfocadas da realidade" e mais
centradas no "período eleitoral" que se avizinha."Este
foi um teste vencido com mérito e de uma forma absolutamente clara",
acrescentou ainda, referindo-se aos desafios impostos pela pandemia.A
Secretaria Regional da Saúde anunciou, por seu turno, que está em curso
a emissão do primeiro lote de 96 Vales Saúde, permitindo que utentes
dos três hospitais da região façam a sua cirurgia em entidade privada
convencionada, num valor global superior a 185 mil euros.