Oposição crítica opções do Governo dos Açores mas o PS queixa-se da “baixa política”

27 de nov. de 2018, 16:29 — Lusa/AO Online

"Nós vivemos tempos de crítica, de ataques pessoais e de política baixa, que nada interessa aos açorianos", lamentou Francisco César, deputado do PS, durante o debate inicial das propostas de Plano e Orçamento, que estão em discussão na sede da Assembleia Legislativa Regional, na cidade da Horta.O parlamentar socialista procurava assim rebater as críticas feitas pelos partidos da oposição, em especial pelo PSD, que o PS acusa de só trazer "tricas ao parlamento", procurando desviar a atenção sobre os méritos daqueles documentos.Francisco César referia-se às acusações lançadas pelo social-democrata António Vasco Viveiros, para quem as propostas de Plano e Orçamento para o próximo ano revelam "falta de credibilidade", já que não passam de "propaganda de milhões" que depois o executivo socialista não chega a concretizar, uma vez que a execução das medidas não vai além dos 70%.O parlamentar social-democrata referiu-se também à situação financeira da companhia aérea SATA, que se encontra em falência técnica, e responsabilizou o presidente do Governo, Vasco Cordeiro, pelo "desastre" que foi o processo de tentativa de privatização de 49% do capital social da transportadora regional.Critico foi também o deputado do PPM, Paulo Estêvão, que acusou o executivo socialista de levar ao parlamento documentos que mais não são do que um "embuste" e um conjunto de "notícias falsas", que acabam por não ter concretização prática."Os planos de Vasco Cordeiro não são credíveis. São falsos! Mentem e criam expectativas falsas", insistiu o parlamentar monárquico, recordando que em 2016 a execução do plano ficou-se pelos 70% e em 2017 atingiu os 72%.Paulo Mendes, deputado do Bloco de Esquerda, lamentou, por outro lado, que as propostas de Plano e Orçamento do Governo para 2019 deixem sem resposta "milhares de açorianos" que trabalham em situações precárias ou que estão desempregados."Estas propostas de Plano e Orçamento poderiam consubstanciar opções políticas que priorizassem medidas que dissessem algo a todos estes milhares de açorianos e açorianas que, por conseguinte, acabam por engrossar a abstenção em dia de eleições", lamentou o parlamentar bloquista.Mais moderado nas críticas foi Artur Lima, do CDS, que deixou a porta aberta a possíveis entendimentos com a maioria socialista, no sentido de fazer aprovar algumas propostas de alteração da sua bancada, atitude que considerou ser a mais correta para um verdadeiro partido alternativo ao poder."Estamos prontos para responder, estamos prontos para dialogar, estamos prontos para debater. É essa a nossa responsabilidade perante os açorianos e perante a nossa autonomia. Somos, por isso, a oposição, a alternativa política", advertiu o parlamentar centrista.Quem também se mostrou interessado em dialogar com o Governo e com a maioria socialista foi o deputado do PCP, João Paulo Corvelo, que manifestou intenção de apresentar propostas de alteração para corrigir algumas "lacunas" que os documentos apresentam, nomeadamente em matéria de reposição de rendimentos."Não é aceitável que, contrariando aquilo que se passa a nível do país, em termos de recuperação de rendimentos, se continue na região uma política de empobrecimento, traduzida em algo tão real como a recusa do aumento do acréscimo à remuneração mínima mensal, o aumento do complemento ao abono de família, o aumento do completo regional de pensão e o aumento da remuneração complementar", frisou o parlamentar comunista.O Governo socialista liderado por Vasco Cordeiro tem apoio parlamentar suficiente para fazer aprovar as propostas de Plano e Orçamento para 2019 sem necessitar dos votos da oposição, mas, por tradição, o executivo procura quase sempre negociar propostas dos restantes partidos com assento parlamentar.