Oposição critica gestão da SATA, Governo dos Açores diz que tirará ilações das contas
11 de set. de 2019, 08:12
— Lusa/AO Online
A apresentação das contas do primeiro semestre
- abarcando também o segundo trimestre - "tem um prazo legal", termina a
30 setembro e estas serão apresentadas ao parlamento dos Açores, disse a
governante com a tutela dos Transportes, Ana Cunha."Cá
estaremos aqui para explicar essas contas e se tirar delas as devidas
conclusões", prosseguiu a governante, acrescentando que a administração
da empresa, em sede própria, também fará a sua análise dos números.A
Assembleia Legislativa dos Açores debateu hoje, a pedido do PPM, a
situação financeira da SATA, numa altura em que se sabe que a empresa
registou prejuízos de 20,84 milhões de euros nos primeiros três meses
deste ano (16,85 milhões na Azores Airlines, que faz as ligações para
fora da região, e 3,99 milhões na SATA Air Açores).Para
o PSD, maior partido da oposição, os resultados são "brutais" para a
"pequena dimensão populacional" dos Açores e "chocantes para os
problemas" da região."Perder tanto
dinheiro por incompetência e ineficácia é seguramente motivo para que
neste parlamento se debata repetidamente o tema", declarou o deputado
António Vasco Viveiros. E reforçou: "A
situação é preocupante pelos prejuízos que, só na atual legislatura e
até ao final do primeiro trimestre de 2019, ultrapassam os 130 milhões e
que, desde 2008, totalizam 220 milhões de euros". À
direita, o CDS, pelo deputado e presidente da estrutura centrista
açoriana, Artur Lima, sublinhou que a empresa "devia servir os
açorianos, mas não serve, antes pelo contrário", havendo erros de
administrações passadas, e da atual, que resultaram em "números que não
são surpresa para ninguém"."É preciso
agora tomar mão política na SATA. O descalabro está à vista e o desastre
é iminente. A SATA entrou num processo de autodestruição", acrescentou o
parlamentar.O Bloco de Esquerda, por seu
turno, defende que o Governo Regional, socialista, tudo tem feito para
criar uma imagem pública negativa da SATA para arranjar um falso motivo
para a sua parcial privatização do ramo que opera para fora do
arquipélago. "Não é a SATA que apresenta
contas negativas, são antes os Governos Regional e da República que têm
uma dívida cada vez maior para com a autonomia", declarou o deputado
bloquista Paulo Mendes.Já o PCP, pelo
deputado único no hemiciclo açoriano, João Paulo Corvelo, lembrou, à
imagem de outros debates, o papel da transportadora aérea na coesão
territorial, demonstrando preocupações pelo anunciado processo de
privatização de 49% da Azores Airlines, que opera de e para fora dos
Açores.A secretária regional não deu novas
indicações sobre este negócio, indicando que nesta fase aguarda por
avanços da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores
(SDEA), que lidera a operação.O PS,
partido que tem maioria absoluta na Assembleia Legislativa dos Açores,
assume "dar a cara quando as coisas não correm bem", e o deputado José
Ávila reconhece que "nem sempre" as coisas "correm bem na área dos
transportes"."Mas uma coisa é certa, a
SATA tem feito um esforço tremendo para tentar resolver a procura por
voos em todos as ilhas dos Açores, não é só numa, é em todas",
prosseguiu o deputado.E insistiu: "Todos
nós, sem exceções, andámos a pedir melhores acessibilidades para as
nossas ilhas - fazemos isso há anos - e se formos ver as estatísticas,
de forma séria, temos que reconhecer que da parte do Governo Regional e
da parte da SATA houve um esforço tremendo para satisfazer as
necessidades de cada uma das nossas ilhas".Em
2018, a companhia aérea pública açoriana tinha registado um prejuízo de
53,3 milhões de euros, um agravamento de 12,3 milhões face ao ano de
2017.Na apresentação das contas, o
presidente da empresa, António Teixeira, manifestou a intenção de baixar
os prejuízos em 2019 para cerca de metade do registado em 2018.