ONU pede aos países medidas para a reabertura das escolas
Covid-19
4 de ago. de 2020, 09:33
— Lusa/AO Online
"Vivemos um momento decisivo para as crianças e
jovens de todo o mundo. As decisões que os governos venham a tomar
agora vão ter um efeito duradouro em centenas de milhões de jovens,
assim como nas perspetivas de desenvolvimento dos países, durante
décadas", assinalou o secretário-geral da ONU, António Guterres, através
de uma mensagem em vídeo.Guterres
apresentou um relatório elaborado pela organização para analisar o
impacto do encerramento das escolas, institutos e universidades e propõe
recomendações aos responsáveis políticos.De
acordo com o relatório, já se verificava uma "crise na educação" no
mundo, antes da pandemia de SARS CoV-2, com mais de 250 milhões de
crianças que não estavam escolarizadas e, nos países em desenvolvimento,
apenas uma quarta parte dos alunos do ensino secundário tinham
terminado os estudos com "competências básicas"."Agora
enfrentamos uma catástrofe geracional que pode vir a desperdiçar um
potencial humano incalculável, minar décadas de progresso e exacerbar
desigualdades instaladas", disse Guterres.A pandemia, sublinhou Guterres, causou "a maior disrupção de sempre na educação".Segundo
dados da ONU, em meados de julho as escolas permaneciam encerradas em
mais de 160 países, o que afeta mais de mil milhões de estudantes sendo
que mais de uma centena de países ainda não anunciaram as datas de
reabertura.Entre os aspetos que mais
preocupam as Nações Unidas destacam-se o tempo perdido por milhões de
crianças do pré-escolar, uma etapa considerada essencial, disse em
conferência de imprensa a diretora geral adjunto para a Educação da
UNESCO, Stefnia Giannini.A educação à
distância, com aulas através da rádio, televisão ou internet, "deixa
muitos alunos para trás", avisa a ONU que destaca em especial o risco
daqueles que sofrem deficiências, de comunidades minoritárias ou
desfavorecidas, os deslocados, refugiados e aqueles que vivem em zonas
remotas.Assim, a pandemia está a aumentar
as desigualdades na educação e ameaça desfazer rapidamente os progressos
alcançados nas últimas décadas.Perante
esta situação, a ONU pede a aplicação de medidas, começando pela
reabertura das escolas o mais rápido possível, uma questão que está a
gerar amplos debates em vários países."Assim
que a transmissão local de covid-19 esteja controlada é preciso
devolver os alunos às escolas e aos estabelecimentos de ensino de forma
segura: esta deve ser uma das prioridades fundamentais", afirmou
Guterres.Para a ONU "é essencial encontrar
um equilíbrio entre os riscos para a saúde e os riscos para a educação e
proteção das crianças e ter em conta também a repercussão da situação
na participação das mulheres na força do trabalho". Segundo o relatório, em todo este processo é fundamental consultar os pais, cuidadores, docentes e os próprios alunos.As
Nações Unidas pedem para que seja dada prioridade à educação na
distribuição de fundos, protegendo e aumentando os orçamentos para a
educação nas contas públicas dos respetivos países e reclama que a
questão passe a estar no centro dos "esforços internacionais de
solidariedade".A ONU pede também especial
atenção aos estudantes em situação mais vulnerável e pede para que seja
"aproveitada" a pandemia para se transformar os sistemas educativos
através de infraestruturas digitais, revitalizando a aprendizagem ou
usando métodos de ensino mais flexíveis.