ONU homenageia hoje Jorge Sampaio pelo seu papel no apoio a refugiados no ensino superior
6 de dez. de 2021, 10:36
— Lusa/AO Online
A cerimónia,
organizada pela Aliança das Civilizações, de que Sampaio foi o primeiro
alto representante, e pela missão portuguesa na ONU, é “assumida por
todos os países das Nações Unidas pela relevância das funções” que Jorge
Sampaio exerceu na organização e pelos resultados do seu trabalho no
âmbito das Nações Unidas”, disse à agência Lusa o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em declarações por telefone desde
Nova Iorque.Intitulada
“Solidariedade não é facultativa, é um dever” – uma frase que Jorge
Sampaio escreveu no seu último artigo -, a cerimónia conta com
intervenções do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, do
atual alto representante da Aliança das Civilizações e do ministro
português.Conta
ainda, entre outros, com intervenções do Presidente turco, Recep Tayiip
Erdogan, e do ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero, os dois
líderes que, em 2005, e na sequência dos atentados do 11 de setembro,
propuseram a criação da Aliança das Civilizações para promover o diálogo
e cooperação internacionais, interculturais e inter-religiosos.Na
cerimónia, disse o ministro português, “estará em causa” o papel que
Sampaio desempenhou na procura de “soluções de apoio aos estudantes do
ensino superior que veem os seus estudos interrompidos por conflitos no
seu país de origem por perseguições, violência, ou outras razões”.Santos
Silva recordou que Jorge Sampaio fundou em 2013 a Plataforma Global
para Estudantes Sírios, para permitir a esses estudantes continuarem em
Portugal os seus estudos interrompidos pela guerra civil no seu país.Juntamente
com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Sampaio trabalhou depois
"no sentido de evoluir, a partir de um exemplo bem-sucedido português,
para um mecanismo de resposta rápida em situações de emergência no
Ensino Superior”.“A
melhor homenagem que nós podemos prestar a estadistas é continuar a
trabalhar na direção que eles abriram”, sublinhou o ministro, adiantando
que o objetivo de Portugal é que, de entre os mecanismos de cooperação e
apoio humanitário disponíveis no sistema das Nações Unidas, haja um
especificamente dirigido ao caso dos estudantes do ensino superior
afetados por conflitos.A
ideia é que esse mecanismo internacional procure apoiar, com bolsas de
estudo e acolhimento em universidades de diversos países, aqueles
estudantes que a conflitualidade, perseguições e a violência impedem de
continuar a estudar nos seus países, explicou.O
chefe da diplomacia portuguesa acrescentou que, também hoje, “por um
acaso feliz”, a Noruega e o Níger organizam uma discussão no Conselho de
Segurança da ONU dedicada à educação em situações de emergência, na
qual Santos Silva participará em representação do Governo de Portugal.Jorge Sampaio, que morreu em 10 de setembro, com 81 anos, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1996 e 2006.Após
o fim do segundo mandato, e ainda em 2006, Jorge Sampaio foi o enviado
especial da ONU na Luta contra a Tuberculose e, um ano depois, foi
convidado para exercer o cargo de Alto Representante da ONU para o
Diálogo das Civilizações, até 2013.Nesse ano criou a Plataforma Global para Estudantes Sírios.Um
dos seus últimos atos públicos foi, em agosto, quando os talibãs
regressaram ao poder no Afeganistão, anunciar num artigo publicado no
jornal Público, um reforço da plataforma de apoio aos estudantes sírios
para dar bolsas de estudo a jovens afegãs.