ONU estima custo global da disparidade de género em nove biliões de euros
17 de set. de 2024, 17:56
— Lusa/AO Online
Em causa está um relatório publicado
pelas Nações Unidas (ONU) sobre o progresso nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e que “revela uma verdade inegável: o
progresso é possível, mas não estamos a avançar suficientemente rápido”,
disse a diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, num comunicado
de imprensa sobre a publicação.Este
relatório colaborativo, que acompanha o progresso nos ODS numa
perspetiva de género, insta os líderes mundiais a tomarem medidas
“decisivas” na Cimeira do Futuro, que se realizará nos dias 22 e 23 de
setembro em Nova Iorque, no âmbito da Assembleia-Geral da ONU, e faz uma
série de recomendações sobre investimentos para cumprir a Agenda 2030.O
ODS chave é o número cinco, que se refere à igualdade de género, com a
ONU a alertar que o mundo não está a avançar no ritmo certo para
alcançá-lo até 2030, não só por causa das barreiras estruturais e leis
discriminatórias que persistem, mas também devido aos dados limitados
que dificultam o acompanhamento.Em termos
económicos, o documento destaca que, até 2030, o custo social anual do
défice educativo ultrapassará os 10 triliões de dólares (cerca de nove
biliões de euros) e refere em particular os prejuízos do abandono
escolar precoce para o mercado de trabalho. Nesse sentido, denuncia a
“desvantagem” das meninas na África Subsaariana.Desde
que o relatório anual começou a ser preparado, em 2019, foram tomadas
medidas para colmatar a disparidade de género em diversas áreas, mas
esse horizonte ainda está a décadas de distância em questões como a
representação política, a pobreza extrema ou o casamento infantil.Um
resultado positivo é que os países que implementaram legislação contra a
violência doméstica apresentam taxas de violência entre parceiros
íntimos mais baixas do que aqueles que não o fizeram, 9,5% em comparação
com 16,1%, respetivamente, indica o relatório.Mas
uma em cada oito mulheres e raparigas no mundo enfrentou violência
física e/ou sexual por parte do seu parceiro íntimo no último ano, uma
proporção que piora numa dezena de países onde o número de pessoas
afetadas é uma em cada três, como na República Democrática do Congo e no
Afeganistão.Destaca-se também que não há
um único país entre os 120 abrangidos pelo relatório que tenha leis que
cubram de forma abrangente as questões-chave da discriminação e
violência contra as mulheres, igualdade no casamento e no divórcio,
igualdade salarial e pleno acesso à saúde sexual e reprodutiva,
acrescenta.Entre outras conclusões, 54%
dos países não possuem leis que baseiem a definição legal de violação na
falta de consentimento expresso livremente, e em 51% existe pelo menos
uma restrição que impede as mulheres de desempenharem as mesmas funções
que os homens.O relatório salienta também a
importância dos países de baixo e médio rendimento colmatarem a
disparidade de género na esfera digital, o que inclui o acesso às
tecnologias e à formação nesta área, uma vez que se não o fizessem,
perderão cerca de 500 biliões de dólares (449 mil milhões de euros) nos
próximos anos.