ONU diz aos EUA que unidade familiar deve ser preservada perante caso de crianças separadas
18 de jun. de 2018, 18:38
— Lusa/AO Online
“As crianças não
devem ser traumatizadas ao serem separadas dos pais. A unidade familiar
deve ser preservada”, disse António Guterres, através do seu porta-voz
Stéphane Dujarric, numa curta nota que está a ser encarada como uma
crítica direta da ONU à política de segurança interna assumida pela
administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump.As
autoridades norte-americanas confirmaram, na semana passada, que cerca
de 2.000 migrantes menores foram separados das famílias na fronteira com
o México nas últimas seis semanas, no âmbito da política “tolerância
zero” aos imigrantes ilegais nas zonas fronteiriças impulsionada pela
administração Trump.Hoje,
a secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen,
rejeitou pedir desculpas pela separação dos menores das respetivas
famílias, frisando que aqueles que "cometem ações ilegais têm
consequências”, independentemente de estarem acompanhados por menores ou
não.“Este
governo tem uma mensagem simples: se cruzas a fronteira de forma ilegal,
serás processado”, frisou a representante norte-americana.O
porta-voz do secretário-geral da ONU destacou ainda que Guterres
acredita que “por uma questão de princípio, os refugiados e os migrantes
devem sempre ser tratados com respeito e dignidade, e em conformidade
com o Direito Internacional em vigor”.Nos
últimos dias têm surgido nos ‘media’ internacionais relatos sobre a
situação dramática vivida por estas crianças, que estão em armazéns
convertidos em centros de detenção temporários e, em alguns casos, estão
confinadas a espaços que são descritos como gaiolas.Testemunhos
de jornalistas, citados pela agência norte-americana Associated Press
(AP), dão conta de que centenas de crianças são mantidas em grandes
caixas de metal, dentro de armazéns no sul do Texas, enquanto esperam
pelos respetivos pais.A
nível da política interna norte-americana, a situação está a ser
fortemente criticada pela oposição democrata, mas também está a causar
mal-estar dentro do próprio Partido Republicano, que apoia Donald Trump.