ONU dá exemplos de municípios portugueses em políticas inovadoras
Covid-19
28 de jul. de 2020, 11:04
— Lusa/AO Online
O sumário de políticas publicado hoje
pelas Nações Unidas, intitulado “Covid-19 num mundo urbano”, dá conta de
medidas a serem seguidas por cidades de todo o mundo, visando condições
socioeconómicas, oferta de serviços públicos e resiliência para o
futuro.Aqueles concelhos portugueses
integram o capítulo de “Políticas e soluções inovadoras para proteção
equitativa e recuperação da covid-19 em configurações urbanas”.Vila
Nova de Famalicão é o primeiro exemplo, por ter “apoios para o
pagamento de rendas”, tal como a cidade japonesa de Yokohama.A
Câmara de Famalicão apresentou o Plano de Reação à Situação Epidémica e
de Intervenção Social e Económica em 31 de março, incluindo uma medida
de comparticipação municipal de rendas para os agregados familiares que
tenham perda de rendimentos por força da pandemia.Também
nas medidas de apoio à habitação, Lisboa e Sintra entram na lista da
ONU pelo “adiamento de pagamentos de renda”, a par de Chicago e San
Francisco (Estados Unidos da América) ou da capital francesa, Paris.A
Câmara de Lisboa anunciou, em 25 de março, o adiamento das rendas em
todos os fogos municipais até 30 de junho de 2020. A medida abrangeu
cerca de 24 mil famílias e 70 mil pessoas.Já
na categoria dos serviços e condições essenciais para a vida, Porto e
Braga merecem menção da ONU por medidas de “isenção parcial em tarifas
de água, saneamento e resíduos urbanos”. Medidas similares foram
implementadas no Quénia, na cidade de Machakos.No
distrito de Braga, Esposende foi uma das localidades que aplicou
isenção nas tarifas de água, saneamento de águas residuais e de resíduos
urbanos para todos os consumidores domésticos.No
Porto, as medidas de isenção das tarifas dos serviços de gestão de
resíduos urbanos, abastecimento de água e saneamento de águas residuais
foram aprovadas para os utilizadores não domésticos, em abril.A
lista de políticas e medidas inovadoras, publicada no resumo de
políticas da ONU, integra exemplos de Barcelona, Londres, Nova Iorque,
México e Toronto, entre outras.“Existe uma
necessidade urgente de repensar e transformar as cidades para responder
à realidade da covid-19 e às possíveis pandemias futuras e para se
recuperar melhor, construindo cidades mais resilientes, inclusivas e
sustentáveis”, lê-se no documento publicado hoje pela ONU.“Hoje,
os governos locais e regionais já demonstram uma impressionante
variedade de soluções inovadoras que podem solucionar as fraquezas
estruturais expostas pela pandemia”, continua a organização
internacional, liderada pelo português António Guterres.A
ONU insta todos os governos a fornecerem “orientações claras a proibir
ou adiar despejos de qualquer habitação”, para dar mais segurança aos
residentes que estão afetados.“Para evitar
que as pessoas percam o seu local de residência, os governos podem
considerar a criação de fundos de emergência, incluindo transferências
de dinheiro, e trabalhar com o setor bancário e financeiro para
suspender o reembolso de hipotecas, bem como medidas de apoio ao
arrendamento”, adianta a ONU como medidas concretas.O
documento alerta que as áreas urbanas tornaram-se “epicentros da
pandemia”, por concentrarem mais de 90% de todos os casos de covid-19 no
mundo.A dimensão da população urbana e a
“interconectividade local” são alguns dos motivos que podem justificar a
concentração do número de doentes em cidades.A
pandemia de covid-19 já provocou mais de 650 mil mortos e infetou mais
de 16,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um
balanço feito pela agência francesa AFP.