Segundo a agência de notícias
Europa Press, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos
Humanos da ONU, Volker Turk, referiu que "o povo sudanês passou por um
sofrimento indescritível durante o conflito, caracterizado por ataques
indiscriminados em zonas densamente povoadas, ataques com motivações
étnicas e uma elevada incidência de violência sexual".Turk
referiu que a população já sofreu "imensamente" e que os últimos
relatos de possíveis novos ataques representam um "risco alarmante" de
"mais violações e abusos" contra civis, que também enfrentam uma crise
humanitária cada vez mais grave."Para dar
uma oportunidade a uma resolução pacífica do conflito, o número de
intervenientes armados deve ser reduzido e não aumentado", afirmou Turk,
na sequência de notícias recentes de que três grupos se juntaram às
Forças Armadas Sudanesas, que, tal como as Forças de Apoio Rápido (RSF)
paramilitares, estão a armar civis.Turk
advertiu, também, que a detenção de "civis proeminentes" e de líderes
políticos é uma prática "contraproducente" que "deve ser abandonada". E
apelou à libertação do antigo primeiro-ministro Abdullah Hamdok, uma vez
que as acusações "não parecem ter fundamento"."As
autoridades sudanesas devem revogar imediatamente os mandados de
captura de Hamdok e de outros líderes civis", bem como "dar prioridade
às medidas de criação de confiança para conseguir um cessar-fogo, (...)
seguido de uma resolução global do conflito e do restabelecimento do
regime civil", afirmou.Segundo a Europa
Press, a ONU informou que, desde o início dos combates, há um ano,
"milhares" de civis foram mortos, feridos, detidos arbitrariamente ou
desaparecidos à força."Milhares de casas,
escolas, hospitais e outras infraestruturas civis essenciais foram
destruídas, mergulhando o país numa grave crise humanitária e criando a
maior crise de deslocações do mundo", lamentou Turk."Mais
de oito milhões de pessoas foram deslocadas das suas casas, mais de
dois milhões das quais para países vizinhos. Cerca de 18 milhões de
pessoas enfrentam uma grave insegurança alimentar, 14 milhões das quais
são crianças, e mais de 70% dos hospitais já não estão a funcionar",
afirmou.O Alto Comissário para os Direitos
Humanos apelou às partes para que garantam a segurança dos
trabalhadores humanitários, de modo que estes possam realizar o seu
trabalho, para que atuem no sentido de evitar mais sofrimento para a
população civil e para que investiguem os casos de violação dos direitos
internacionais.Por último, Turk apelou às
partes para que cooperem com o perito nomeado pela ONU sobre a situação
dos direitos humanos no Sudão, Radhouane Nouicer, bem como com a missão
de inquérito criada pelo Conselho dos Direitos do Homem da ONU.O
Sudão vive atualmente a pior vaga de deslocações do mundo, estando
patente uma guerra que já custou a vida a cerca de 14.000 pessoas.Com
o início da época de escassez de alimentos, o conflito sudanês pode
tornar-se a causa de uma das piores crises de fome do planeta, com 18
milhões de pessoas em situação difícil e cinco milhões à beira da fome,
segundo a ONU.