ONU afirma que há "provas consideráveis" de crimes contra humanidade em Myanmar
9 de ago. de 2022, 10:24
— Lusa/AO Online
"Há provas consideráveis de que desde que os militares tomaram o poder
em fevereiro de 2021, foram cometidos crimes a uma escala que constitui
um ataque sistemático e generalizado contra a população civil", afirma o
Mecanismo Independente de Investigação para aquele país, criado pelo
Conselho para os Direitos Humanos da ONU em setembro de 2018.
O diretor daquele mecanismo, Nicholas Koumjian, declarou que "os crimes
contra mulheres e crianças são dos delitos internacionais mais graves",
mas salientou que costumam ser pouco denunciados e pouco investigados.
"Quem comete estes crimes tem que saber que não pode continuar a agir
impunemente. Estamos a juntar e a guardar as provas para que um dia
sejam responsabilizados", afirmou. De
acordo com dados recolhidos pelos investigadores da ONU, "crimes sexuais
e de género, incluindo violação e outras formas de violência, tal como
crimes contra crianças, foram cometidos por membros das forças de
segurança e por grupos armados". Os crimes
incluem mesmo a tortura, recrutamento e detenção arbitrária de
crianças, segundo o relatório anual do mecanismo de investigação.
Desde 01 de fevereiro de 2021, data do golpe que depôs a ex-líder civil
do país, Aung San Suu Kyi, a junta militar que governa Myanmar tem
reprimido a oposição, registando-se mais de 2.100 mortes entre civis e
quase 15.000 detenções, segundo uma organização não governamental local.